Venezuela realiza exercícios militares com mísseis na sua costa
O teste dos armamentos precede a chegada de petroleiros iranianos ao país, enquanto uma frota naval americana vigia o Caribe
As Forças Armadas da Venezuela realizaram testes de mísseis na quinta-feira 21 em La Orchila, ilha no norte do país, disse o presidente Nicolás Maduro, que aguarda a chegada de petroleiros iranianos em meio a tensões com os Estados Unidos. As iniciativas aumentam as tensões de Caracas e Teerã com Washington.
“Testemunhamos exercícios militares (…) na ilha de La Orchila, com o teste de sistemas de mísseis de precisão máxima para a defesa de águas e costas”, declarou Maduro durante uma reunião com o alto comando militar transmitida pela televisão estatal, sem mencionar diretamente navios iranianos carregados com gasolina e outros produtos petrolíferos que se dirigem para a Venezuela.
Os testes fazem parte de exercícios militares chamados “Escudo Bolivariano”, um destacamento permanente criado em fevereiro com o qual Maduro renovou sua retórica contra os Estados Unidos. Washington, por usa vez, aumentou a pressão contra a Venezuela ao reforçar as sanções contra o país e sua indústria petrolífera, além de acusar o venezuelano de narcoterrorismo.
Estima-se que os cinco navios estejam transportando 1,5 milhão de barris de gasolina para aliviar a carestia do combustível no país. Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, criticou o acordo feito por Maduro e pelas autoridades iranianas. “Essa relação só aprofunda o processo de isolamento da Venezuela, que não tem mais relações com governos locais, como Colômbia, Equador e Peru“, afirmou.
Ao mesmo tempo que a Casa Branca denunciava Maduro por narcoterrorismo aos tribunais federais do país, a Marinha americana enviou uma frota naval para o Caribe, sob a justificativa de combater o tráfico de drogas. No outro lado do globo, o Irã enfrenta situação similar à da Venezuela.
Por meio de sanções cada vez mais pesadas, os Estados Unidos conseguiram destroçar a economia do país, cujo Produto Interno Bruto (PIB) recuou. Mesmo durante a pandemia de Covid-19, Teerã alega que, por conta das restrições americanas, não consegue ter acesso ao mercado internacional de insumos e equipamentos médicos para tratar a doença.
Em junho de 2019, ao menos uma dezena de navios petroleiros foram atacados no Golfo Pérsico e no Estreito de Hormuz como represálias às sanções dos americanos. Oficialmente, os iranianos negam terem participado dos ataques. No início de 2020, os Estados Unidos e Irã ficaram à beira de um conflito armado, quando a Casa Branca assassinou o general Qasem Soleimani, e Teerã respondeu com mísseis contra uma base aérea dos americanos no Iraque. O episódio resultou na queda de um avião civil ucraniano na capital iraniana, que matou todos a bordo.
Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou a Marinha a abater quaisquer navios iranianos que ofereçam ameaça às embarcações americanas.
(Com AFP)