O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, informou nesta quinta-feira, 13, que observadores da União Europeia não serão permitidos durante a eleição presidencial de 2024. O bloco levantou questionamentos sobre o processo eleitoral venezuelano após a candidatura de María Corina Machado, líder da oposição, ter sido vetada em junho, sendo seguida por uma proibição de ocupar cargos públicos nos próximos 15 anos.
Durante discurso no Parlamento, Rodríguez endereçou diretamente suas críticas ao alto representante da União Europeia para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borell, ao dizer que “nenhuma Missão de Observação da Europa virá enquanto formos os representantes do Estado venezuelano”.
Ele destacou que seu país era “decente”, ao contrário dos europeus, já que “decentes não escravizam os humanos”, fazendo referência ao passado colonialista de parte dos países do bloco. Em seguida, o presidente da Assembleia condenou a última visita dos representantes do bloco ao país, para um encontro realizado com Juan Guaidó, presidente autodeclarado, no lugar de uma reunião oficial com Maduro.
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“Quando veio aquela missão de observação, o presidente estava escalado para recebê-los. Disseram que não tinham tempo”, afirmou. “Mas eles reservaram um tempo para se encontrar com Juan Guaidó, que não estava participando das eleições, que pedia abstenção nas eleições de 2021”.
As críticas escalaram progressivamente até o final do discurso, quando o chavista chamou os componentes do Parlamento Europeu de “rudes”, “colonialistas” e representantes da “velha Europa imperial, assassina e escravista”. Por fim, prometeu que “eles não voltam” ao território venezuelano.
Considerado uma das peças centrais da ditadura de Maduro, Rodríguez ocupou o cargo de ministro das Comunicações no período entre 2017 e 2021, e atuou diretamente na censura da imprensa independente, afetando o trabalho de veículos como Infobae, CNN En Español, TVN do Chile, Antena 3 da Espanha ou NTN24 da Colômbia. Dezenas de correspondentes internacionais também deixaram o país.
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Em 2021, passou a ocupar o comando da Assembleia Nacional, que não é reconhecida pela oposição e por alguns países por suspeitas de fraudes nas eleições parlamentares. Seu apoio irrestrito a Maduro fez com que fosse sancionado por Estados Unidos, União Europeia e Canadá.
Em resposta, o Parlamento Europeu condenou nesta quinta-feira “a decisão arbitrária e inconstitucional” de remover os candidatos María Corina Machado, Leopoldo López, Henrique Capriles e Freddy Superlano de concorrer à corrida presidencial venezuelana. A instituição criticou, ainda, a interferência de Maduro, que pretende se reeleger, no processo eleitoral, especialmente na Comissão Nacional Eleitoral (CNE) do país.
Responsável por analisar a viabilidade dos requerimentos, o órgão rege a disputa que procura eleger um único rival para enfrentar o presidente no próximo ano. As primárias ocorreram em meio a tensões na política venezuelana. No último mês, os reitores oficiais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) apresentaram suas renúncias, em uma decisão que deixou o processo de reestruturação interna sob controle de parlamentares chavistas.