As autoridades da Venezuela libertaram com medidas restritivas nesta sexta-feira (25) 20 manifestantes que estavam detidos desde abril passado, informou a ONG Foro Penal Venezuelano.
As solturas “só ocorreram no estado de Zulia (noroeste)”, destacou no Twitter Alfredo Romero, diretor da organização. A ONG não detalhou a identidade dos presos, mas indicou que eles foram liberados com medidas restritivas, com “obrigação de apresentação, proibição de saída e proibição de comparecer a manifestações públicas”.
Na quinta-feira, após ser empossado presidente reeleito perante a Assembleia Constituinte, que rege o país, Nicolás Maduro ofereceu a libertação de opositores presos para “superar as feridas deixadas pelos protestos violentas e pelas conspirações”.
Maduro disse que pediria à Constituinte que gerasse as condições legais para isso, sem informar quantas pessoas seriam beneficiadas.
Alfredo Romer explicou hoje em entrevista coletiva que essas 20 pessoas tinham sido detidas em abril deste ano por participação em protestos contra os problemas de abastecimento de energia no país.
“(Os presos libertados) não são de manifestações de 2014, nem de manifestações de 2017. São manifestantes de causas sociais que passaram a ser presos políticos precisamente porque o objetivo é intimidar, evitar que protestem”, acrescentou Romero, que também denunciou que, enquanto é anunciada a libertação, outros opositores estão sendo detidos.
O vice-presidente da ONG, Gonzalo Himiob, por sua vez, pediu ao governo venezuelano que estenda os benefícios de libertação com medidas “amplas” a todos os opositores presos.
“Até hoje, não conseguimos determinar o conteúdo completo, o alcance, os destinatários e os critérios que estão sendo utilizados para decidir quem será favorecido com esses gestos do poder”, destacou Himiob.
Na quinta-feira, Maduro anunciou a captura de um grupo de militares que supostamente conspirava para impedir as eleições presidenciais de domingo passado, boicotadas pela coalizão da oposição Meda da Unidade Democrática (MUD) e não reconhecidas por Estados Unidos e vários países da Europa e da América Latina, incluindo o Brasil. Não foi detalhado nem a patente, nem o número de detidos, mas o Fórum Penal afirma que foram onze oficiais.
A Foro Penal estima em 350 os presos políticos na Venezuela hoje. A ONG assegura que do total, 70 são militares.
O mais emblemático dos opositores privados de liberdade é Leopoldo López, em prisão domiciliar depois de passar três anos em uma prisão militar. Ele cumpre uma pena de quase 14 anos, acusado de incitar a violência em protestos contra Maduro, que deixaram 43 mortos em 2014.
(Com AFP e EFE)