Um relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington, D.C., revelou nesta terça-feira, 14, que, embora a Venezuela tenha pouco a ganhar com um conflito com a Guiana, o governo do país continua a construir infraestruturas e enviar equipamentos militares para a fronteira com o país vizinho. Nicolás Maduro, o presidente venezuelano recentemente declarou “anexada” a região guianense de Essequibo, rica em petróleo, numa manobra explosiva – mas que ainda não deu resultados na prática.
Imagens de satélite de março mostraram uma área próxima a um campo de aviação com mais de 75 tendas de campanha, considerado contingente grande o suficiente para um confronto. Perto da costa, há barcos rápidos com mísseis Peykaapp III, construídos no Irã.
“A constante afirmação de que ‘o Essequibo é nosso’, juntamente com a criação de novos comandos militares e estruturas legais para supervisionar a defesa da região, está a ajudar a institucionalizar um sentimento de perpétua posição pré-guerra”, afirma o think tank.
A ameaça constante preocupa parceiros da Guiana. Na semana passada, dois caças F/A-18 da Marinha dos Estados Unidos sobrevoaram a capital Georgetown, demostrando uma cooperação rotineira de segurança e a expansão da parceria bilateral de defesa com o país latino-americano, afirmou a Embaixada americana no país.
Clima tenso
A tensão em Essequibo, que corresponde a cerca de dois terços do território da Guiana, aumentou no ano passado quando o governo Maduro organizou um referendo para consultar a população venezuelana sobre a anexação. Apesar do baixo comparecimento, a medida foi aprovada e o projeto, adotado por Caracas, fazendo pairar o espectro do conflito armado sobre a região. O governo guianense classificou a medida como uma ameaça “existencial”.
Em fevereiro, houve um aumento das operações na base militar venezuelana da Ilha Anacoco, mesmo que os dois países terem concordado em dezembro em prosseguir discussões por vias diplomáticas. Os satélites do CSIS registraram uma ponte sendo construída sobre rio Cuyuni, que passa pela Guiana e Venezuelana, para conectar os dois países.
Com eleições venezuelanas programadas para o final de julho, muitas especulações sobre o conflito foram feitas, principalmente sobre Maduro utiliza a situação como uma forma de desviar atenção da crise interna em seu país. Nos últimos anos, mais de 7 milhões de pessoas fugiram da Venezuela devido ao colapso econômico, escassez de alimentos e acesso limitado à saúde e educação.