O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, emitiu um mandado de prisão contra o ex-líder da oposição Juan Guaidó na noite de quinta-feira 5. Radicado em Miami, nos Estados Unidos, Guaidó foi acusado de utilizar os recursos da petrolífera estatal PDVSA para financiar suas despesas com advogados.
“Juan Guaido utilizou recursos da PDVSA para se financiar, pagar suas despesas legais e obrigou a PDVSA a aceitar seus termos de financiamento. Essas decisões causaram perdas ao país de US$ 19 bilhões, resultando na perda quase definitiva da Citgo”, disse Saab, referindo-se à refinaria e distribuidora de petróleo que foi leiloada para pagar dívidas do governo.
“Por esse motivo, abrimos uma nova investigação contra o ex-deputado Juan Guaidó e solicitamos um mandado de prisão contra ele”, completou.
Guaidó foi presidente da Assembleia da Venezuela e serviu como presidente interino do governo de transição, contra o regime autoritário do líder venezuelano Nicolás Maduro, de 2019 até o fim de 2022 – quando foi destituído do seu papel de liderança.
Em abril desde ano, Guaidó foi expulso de território colombiano, onde estava para a Cúpula Internacional sobre a Venezuela, convocada pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro. Reconhecido por alguns países como presidente venezuelano interino até o ano passado, Guaidó teve sua permanência barrada no país por ter entrado de forma “irregular”, segundo o Ministério das Relações Exteriores colombiano.
Depois do incidente humilhante e de receber ameaças, o ex-líder viajou para Miami, onde está desde 25 de abril.
Saab disse que a Venezuela solicitará um alerta da Interpol contra Guaidó, cujo mandado de prisão inclui os supostos crimes de traição; usurpação de funções; lucro ou extração de dinheiro, títulos e bens públicos; lavagem de dinheiro; e associação para fins de cometer um crime. O procurador-geral também disse que há pelo menos 28 investigações em andamento na Venezuela contra Guaidó.
Durante uma live na sua conta do Instagram, Guaidó qualificou as acusações contra ele de “falsas” e desafiou Maduro a submeter-se à Justiça.
“Esta mensagem vai para você, Maduro, amanhã vamos nos encontrar em qualquer promotoria dos Estados Unidos ou, se preferir, em outra jurisdição, como Haia. Podemos então ir diretamente à jurisdição que também aponta diretamente para você”, disse Guaidó.
Em junho, o Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, decidiu retomar a investigação de alegados crimes contra a humanidade na Venezuela, cometidos pelas forças de segurança do regime Maduro.
No ano que vem, o país realizará uma eleição presidencial, embora haja dúvidas sobre a possibilidade de um pleito livre e justo.