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Mais de 7 milhões venezuelanos rejeitam constituinte de Maduro

Com menos centros de votação do que em qualquer outra disputa nacional, o plebiscito simbólico da oposição teve êxito surpreendente

Por Da redação
Atualizado em 18 jul 2017, 18h09 - Publicado em 17 jul 2017, 06h42

Os resultados da consulta popular realizada no domingo na Venezuela mostram que 98,4% dos participantes que votaram rejeitam a formação da Assembleia Nacional Constituinte promovida pelo presidente, Nicolás Maduro, para mudar a Constituição. Mais de sete milhões de pessoas, de um total de 20 milhões de eleitores, votam no no plebiscito simbólico.

“A Venezuela disse claramente: não queremos uma Constituinte fraudulenta e imposta. Não queremos ser Cuba”, afirmou Julio Borges, presidente do parlamento dominado pela oposição, ao confirmar os dados sobre a participação na consulta de domingo. “Com os votos do povo venezuelano, matematicamente Nicolás Maduro está revogado, esse era o medo que tinha do plebiscito revogatório e por isso se impediu, por isso o governo não quer fazer eleições nunca mais”, completou.

O opositor assegurou que a denominada consulta popular aconteceu “com total beleza e confiança” e que os venezuelanos contaram com menos centros de votação do que em qualquer outra disputa nacional.”No entanto, o povo superou todos os obstáculos, não somente o de haver menos lugares para votar, mas também superou o medo, superou a violência, superou as ameaças do Governo aos funcionários públicos, às pessoas que recebem programas sociais”, afirmou Borges.

A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) quer agora delinear sua ofensiva final em seu objetivo de tirar Maduro do poder, depois de quase quatro meses de protestos que deixaram 96 mortos.

“Evidencia-se uma demanda de mudança política persistente ao longo do tempo”, declarou o analista político John Magdaleno, considerando que o plebiscito foi um êxito porque foi organizado pela cidadania, em pouco tempo e com apenas dois mil centros de votação, diante dos 14.000 de 2015.

Pânico e morte

O governo questionou os resultados, assinalando que o plebiscito é ilegal por não contar com o aval do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado pela oposição de servir a Maduro. O dirigente chavista Jorge Rodríguez anunciou que nesta segunda apresentará vídeos sobre supostas votações fraudulentas e criticou que a oposição tenha decidido queimar os registros da consulta com o argumento de evitar represálias contra os eleitores.

Durante o plebiscito, uma mulher morreu e outras três pessoas ficaram feridas quando homens de motocicletas atiraram em opositores que votavam no oeste de Caracas. O ataque, que terminou na morte de Xiomara Soledad Scott, de 61 anos, aconteceu em um centro de votação no popular bairro de Catia. A multidão que fazia fila para votar fugiu, em meio a gritos de pânico e ao tiroteio, buscando abrigo em uma igreja próxima.

‘Não enlouqueçam’

“Já caiu, já caiu!”, cantavam alguns opositores em Caracas, agitando bandeiras venezuelanas, em meio ao buzinaço. Nesse clima, o presidente Nicolás Maduro pediu aos adversários políticos que “não enlouqueçam” depois do plebiscito e que as divergências sejam resolvidas “em paz”.

Em contato por telefone com o comando de campanha para a Constituinte, Maduro enviou uma mensagem à oposição: “Eu lhes digo, não enlouqueçam (…). Eu lhes faço um apelo para que voltem à paz, à Constituição, para que se sentem para falar”.

“Felicito o povo. Devemos ter consciência de que as diferenças que temos no país devem ser resolvidas na paz, com votos, e não com balas”, insistiu, pedindo uma “chance” para sua iniciativa.

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Seus seguidores participaram em massa no mesmo dia de uma simulação organizada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para a eleição, em 30 de julho, de 545 constituintes. “Hoje, estamos demonstrando uma pequena parte. Em 30 de julho, vamos atrás de uma grande vitória. Não vão conseguir parar a Constituinte”, disse María Trejos à agência France Press, em um parque do oeste de Caracas.

O projeto de Maduro dividiu o chavismo, com a procuradora-geral Luisa Ortega à frente da corrente divergente. Ela não votou na consulta de domingo, mas seu marido e deputado chavista chavista Germán Ferrer, sim. Outros dissidentes também foram às urnas neste domingo prestigiar o ato da oposição. Em prisão domiciliar desde 8 de julho, o líder opositor venezuelano Leopoldo López votou em casa.

A presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, pediu à MUD que não crie “falsas expectativas” com uma “atividade política que não tem nenhuma consequência jurídica”.

A consulta simbólica recebeu o apoio de associações civis, da Igreja Católica, da ONU, da Organização dos Estados Americanos (OEA), dos Estados Unidos e de vários governos de América Latina e Europa. Os ex-presidentes Vicente Fox (México), Andrés Pastrana (Colômbia), Laura Chinchilla e Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica) e Jorge Quiroga (Bolívia) acompanharam o pleito como observadores eleitorais.

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(com EFE e AFP)

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