Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, vão se reunir na próxima quinta-feira, 14, para discutir a posse da região de Essequibo, área rica em petróleo e minérios no território guianês e cuja “anexação” foi anunciada por Maduro nos últimos dias. O encontro acontecerá em São Vicente e Granadinas, país do Caribe, e o presidente Lula foi convidado para atuar como observador.
Em nota publicada nas redes sociais, Maduro disse que a proposta do encontro com o governo guianês surgiu durante conversas ao telefone com Lula e com o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, “com o intuito de preservar as aspirações de manter a América Latina como uma zona de paz, sem interferência de agentes externos”.
Anfitrião do encontro, Gonsalves disse em comunicado que ambos os líderes concordaram com a reunião e que as duas partes solicitaram a presença do presidente brasileiro. O Itamaraty ainda não informou se Lula foi comunicado e se aceitará o convite, mas o presidente brasileiro tem buscado atuar como uma espécie de mediador do impasse territorial.
CONVERSA COM LULA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, neste sábado, 9, uma ligação de seu homólogo na Venezuela, Nicolás Maduro, e ‘transmitiu a crescente preocupação’ dos países da América do Sul sobre a disputa com a Guiana pela região de Essequibo, informou o Palácio do Planalto em nota.
De acordo com o comunicado, Lula “expôs os termos da declaração sobre o assunto aprovada na Cúpula do Mercosul e assinada por Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina, Colômbia, Peru, Equador e Chile” e “recordou a longa tradição de diálogo na América Latina e que somos uma região de paz”.
A nota diz ainda que o petista “fez um chamado ao diálogo e sugeriu que o presidente de turno da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), Ralph Gonsalves, trate do tema com as duas partes” e “reiterou que o Brasil está à disposição para apoiar e acompanhar essas iniciativas.
Por fim, Lula ressaltou que “é importante evitar medidas unilaterais que levem a uma escalada da situação”.
ENTENDA A DISPUTA ENTRE VENEZUELA E GUIANA
A região conturbada, de 160 mil km², compõe 74% do território da Guiana, país que administra a área desde 1996, ano em que declarou independência do Reino Unido. A Venezuela contrapõe que o local foi retirado de seu domínio pela arbitrária sentença de Paris, de 1899.
A disputa voltou a esquentar em 2015, quando foi descoberto petróleo na região de Essequibo. Estima-se que, por lá, existam reservas de 11 bilhões de barris. A maior parte estaria “offshore”, ou seja, no mar. Por causa das reservas fósseis, a Guiana tornou-se o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos.
As assinaturas desta sexta-feira buscam, então, colocar um ponto final da história, com data marcada: 2030. Segundo Maduro, a escolha do calendário tem como objetivo “cumprir o mandato do povo que votou pelo sim”, referindo-se ao referendo de domingo que decidiu pela anexação do território guianês.
A consulta pública, no entanto, não possui valor vinculativo e, portanto, não oferece um sinal verde para que o político coloque as polêmicas intenções em prática. Apesar disso, ele chegou a divulgar um novo mapa com a área de Essequibo como parte da Venezuela.