O Vaticano abriu nesta segunda-feira, 2, os arquivos secretos de Pio XII, o controverso papa durante a Segunda Guerra Mundial que, para a Igreja Católica, trabalhou nos bastidores para salvar judeus perseguidos, mas que do ponto de vista de seus críticos foi conivente com a Alemanha nazista. Seu pontificado se estendeu de 1939 a 1958.
O tempo de espera para disponibilização dos arquivos geralmente é de 70 anos após a morte de um pontífice, mas o papa Francisco acelerou a abertura dos de Pio XII para os historiadores esclarecerem seu papel durante a guerra. Há décadas estudiosos e grupos judeus pedem transparência ao Vaticano.
“A Igreja não tem medo da história”, disse Francisco em março passado, ao anunciar sua decisão de abrir os arquivos. Ele completou que a “diplomacia oculta, mas ativa” de Pio XII devia ser avaliada “sob sua devida luz”, segundo a emissora americana CNN.
Entre os documentos, há milhões de cartas, telegramas e correspondência do pontificado de Pio XII, aos quais mais de 150 estudiosos já pediram acesso.
Conhecido como “Papa de Hitler”, acredita-se que a controvérsia sobre Pio XII tenha interrompido sua elevação à santidade. Historiadores, como o premiado Hubert Wolf, creem que o líder católico sabia do genocídio, segundo a emissora britânica BBC. No Holocausto, cerca de 6 milhões de judeus e pessoas de outras minorias foram assassinados.
Além disso, há suspeitas de conexão do papa com as notórias “ratlines” – em português, literalmente, “linhas de rato” –, as rotas de fuga facilitadas por clérigos católicos que ajudaram nazistas a fugir para a América do Sul após a guerra.