O Uruguai sinalizou sua intenção de buscar acordos comerciais fora do bloco comercial líder da América do Sul, o Mercosul.
O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, afirmou nesta quinta-feira, 8, durante a cúpula do Mercosul, que pretende avançar em acordos com outros países, mas garantiu que isso não significa enfraquecer nem violar a regra do consenso.
“O Uruguai acredita na regra do consenso, como tem atuado, e vamos respeitar o ordenamento jurídico vigente do Mercosul”, disse o presidente durante o encontro virtual.
O país anunciou o início das negociações comerciais bilaterais com outros países depois de não conseguir chegar a um acordo sobre a redução de tarifas e facilitar acordos com terceiros durante uma reunião preliminar de chanceleres na última quarta-feira, 7. O acordo enfrentou forte resistência do governo argentino de Alberto Fernández.
“É com mais integração, não menos, que o Mercosul ficará em melhores condições”, disse o presidente da Argentina durante seu discurso de abertura na cúpula, destacando a importância do consenso entre os integrantes do bloco e a adesão às suas regras.
Embora o Uruguai tenha ressaltado que continua sendo um “membro pleno” do Mercosul, o anúncio marcou uma clara ruptura com as práticas e tradições seguidas nos últimos 20 anos pelo bloco, que requer a aprovação de outros membros se algum país quiser fechar acordos com terceiros.
Por outro lado, a pressão do governo uruguaio para flexibilizar as regras do bloco comercial, com o objetivo de modernizar o grupo, tem amplo apoio do Brasil e do Paraguai.
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro já havia ameaçado deixar o Mercosul se a Argentina causasse problemas.
As relações do bloco ficaram ainda mais tensas depois que um governo pró-mercado e reformista liderado por Luis Lacalle Pou chegou ao poder no Uruguai em 2020, fazendo oposição à coalizão que liderou o país nos 15 anos anteriores.
Lacalle Pou e Fernández também trocaram farpas na última cúpula presidencial do Mercosul, em março, quando o uruguaio pediu ao grupo mais liberdade para seus membros negociarem acordos de livre comércio. “Se formos um fardo, pegue outro barco”, respondeu Fernández na época.