União Europeia propõe oitava rodada de sanções contra Rússia
Novo pacote inclui restrições comerciais mais rígidas, listas de punições a autoridades e teto de preço ao petróleo russo
A União Europeia propôs na quarta-feira, 28, uma oitava rodada de sanções contra a Rússia por sua invasão da Ucrânia. O novo pacote inclui restrições comerciais mais rígidas, novas listas de punições individuais e um teto de preço do petróleo para não-membros do bloco.
A decisão ocorre em reação aos referendos sobre a adesão à Rússia lançados em regiões da Ucrânia ocupadas por forças separatistas pró-Moscou.
“Não aceitamos os falsos referendos nem qualquer tipo de anexação… E estamos determinados a fazer o Kremlin pagar o preço por essa nova escalada”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em coletiva de imprensa.
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A presidente do bloco estimou que a nova proibição de importações custaria à Rússia 7 bilhões de euros em receitas. Ela acrescentou que a UE também expandiria a lista de exportações proibidas “para privar a máquina de guerra do Kremlin de tecnologias-chave”.
A Comissão deve apresentar detalhes da proposta aos Estados membros em uma reunião a portas fechadas ainda nesta quarta-feira e os membros do bloco devem ter uma primeira discussão na sexta-feira, 30, antes que os líderes nacionais da UE se encontrem em Praga nos dias 6 e 7 de outubro.
Para ser implementada, a proposta precisará passar pela aprovação dos 27 países membros do bloco. Isso pode levar tempo, já que qualquer acordo pode ser vetado pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, que cultiva laços estreitos com o presidente russo, Vladimir Putin.
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O grupo dos sete principais países industrializados, que inclui Itália, França e Alemanha, já concordou em estabelecer um teto para o preço do petróleo por meio de seguradoras. Contudo, as sanções propostas ficam aquém de medidas mais duras solicitadas pelos países bálticos, como a proibição da importação de diamantes russos.
Mais cedo nesta quarta-feira, Oleg Ustenko, um consultor econômico sênior do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu à UE que reduza ainda mais os fluxos financeiros para a Rússia provenientes de vendas de combustíveis fósseis.
“Se você não está fazendo nada, isso significa que você está apenas prolongando esta guerra com a Ucrânia. Isso é simplesmente ridículo. Todo o mundo civilizado tem que estar unido nisso”, disse Ustenko.
Embora a UE já tenha concordado em parar de importar petróleo russo a partir do final deste ano, Ustenko disse que o “dinheiro de sangue” continuará fluindo para Moscou, a menos que as empresas europeias sejam proibidas de garantir os embarques marítimos da Rússia para outros países.
Kiev também espera que os países da UE com grandes frotas marítimas – Grécia, Malta e Chipre – também apoiem mais medidas que afetem as receitas do petróleo russo. Sob a proposta, as empresas europeias seriam impedidas de fornecer mais serviços à Rússia e os cidadãos europeus não teriam permissão para participar de conselhos de empresas estatais russas.
Falando ao lado de Von der Leyen, o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, disse que o bloco também está adicionando à lista de restrições indivíduos do setor de defesa da Rússia, envolvidos na organização de referendos em territórios da Ucrânia.
O patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa Russa e aliado do Kremlin, também foi mencionado como um dos alvos do novo pacote. O “papa” de Putin foi condenado pelo Ocidente por dar sustentação religiosa ao expansionismo russo.