O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, disse nesta quarta-feira, 24, que o país vai reiniciar mais usinas nucleares ociosas e estudar o desenvolvimento de reatores de próxima geração. Uma década após o acidente nuclear de Fukushima, esta é uma grande mudança na política de energia nuclear japonesa.
Kishida acrescentou, ainda, que o governo também procuraria estender a vida útil dos reatores existentes. As medidas destacam como a guerra da Rússia na Ucrânia e os crescentes custos de energia forçaram uma mudança na opinião pública e um repensar das políticas em relação à energia nuclear.
Durante a década após o desastre, o Japão manteve a maioria de suas usinas nucleares ociosas. Em 2011, um grande terremoto e tsunami provocaram um colapso na usina de Fukushima Daiichi e, como o país é propenso a terremotos, disse que não construiria novos reatores. Uma mudança nessa política seria uma reviravolta drástica.
Kishida disse que pediu às autoridades para apresentarem medidas concretas até o final do ano, incluindo “ganhar a compreensão do público” sobre energia sustentável e energia nuclear.
Autoridades do governo se reuniram na quarta-feira para elaborar um plano para a chamada “transformação verde”, destinada a atender as metas ambientais da terceira maior economia do mundo. A energia nuclear, que foi profundamente contestada pelo público após a crise de Fukushima, agora é vista por alguns no governo como um componente para essa transformação verde.
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A opinião pública também mudou, à medida que os preços dos combustíveis aumentaram e uma onda de calor durante junho e julho fez com que a população tivesse que economizar muita energia.
Favoráveis argumentam que o Japão precisa de energia nuclear porque sua rede não está conectada aos países vizinhos, nem é capaz de aumentar a produção de combustíveis fósseis domésticos. No mês passado, o governo disse que esperava reiniciar mais reatores nucleares a tempo de evitar qualquer crise de energia durante o inverno.
No final de julho, o Japão tinha sete reatores em operação, com outros três desligados devido à manutenção. Muitos outros ainda estão passando por um processo de relicenciamento sob padrões de segurança mais rígidos impostos após Fukushima.