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Uísque, aviões, carros: os produtos dos EUA que a UE mira em retaliação a tarifas de Trump

Bloco prepara pacote que taxaria US$ 84,1 bilhões em mercadorias americanas caso não seja possível fechar acordo comercial

Por Amanda Péchy SEGUIR SEGUINDO 15 jul 2025, 08h29

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou retaliação do bloco às tarifas de Trump (FREDERICK FLORIN/AFP)

A União Europeia prepara um pacote de tarifas que afetaria US$ 84,1 bilhões (cerca de R$ 470 bilhões) em produtos americanos para uma retaliação contra os Estados Unidos caso as negociações por um acordo com o país falhem e uma entre em vigor, a partir de 1º de agosto, uma taxa de 30% sobre importados europeus, anunciada pelo presidente Donald Trump na semana passada. Autoridades europeias consideram a alíquota inaceitável, dizendo que a medida tornaria o comércio entre dois dos maiores mercados do mundo impraticável.

A lista, enviada aos 27 Estados-membros da União Europeia e vista pela agência de notícias Reuters nesta terça-feira, 15, é anterior à ameaça mais recente de Trump: foi criada para responder às tarifas americanas sobre carros, peças automotivas e a uma taxa base de 10%. Os principais alvos do pacote são uísque, aviões da Boeing e carros, bem como produtos químicos, dispositivos médicos e equipamentos elétricos e de precisão. Produtos agrícolas e alimentícios – uma variedade de frutas e vegetais, além de vinho, cerveja e destilados –, avaliados em 6,35 bilhões de euros (R$ 41,4 bilhões), também seriam afetados.

A Comissão Europeia, que supervisiona a política comercial do bloco, ainda não especificou qual taxa se incidiria sobre os produtos na lista. Também não há data marcada para a votação que pode aprovar o pacote – pelo menos 15 países precisam se opor à medida para barrá-la.

Acordo é prioridade

Numa reunião de ministros da Fazenda da União Europeia em Bruxelas na segunda-feira 14, autoridades reiteraram que a principal estratégia para evitar o pesado golpe tarifário de Trump continua ser fechar um acordo. Mas o Comissário de Comércio do bloco, Maros Sefcovic, afirmou haver uma determinação sem precedentes em proteger as empresas europeias usando contramedidas caso as negociações não frutifiquem.

“A mensagem foi a mais forte que já presenciei desde que iniciamos a discussão com os Estados Unidos. E, portanto, negociaremos primeiro, mas nos prepararemos ao mesmo tempo”, disse ele em coletiva de imprensa.

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O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noel Barrot, declarou nesta terça que a nova ameaça de Trump tinha “a aparência de chantagem”. Enquanto a prioridade é assinar um acordo comercial, ele acrescentou, o custo não pode ser se tornar um “vassalo dos Estados Unidos”.

Trump alertou Bruxelas a não fazer retaliações. Segundo ele, os Estados Unidos igualariam quaisquer novos impostos europeus, simplesmente adicionando-os à alíquota base de 30%.

Pressão da indústria europeia

A indústria de bebidas europeia, que depende fortemente do mercado americano, tem pressionado os governos dos 27 países da União Europeia para excluírem o uísque ou qualquer vinho e destilados da lista de produtos afetados, por medo de retaliações por parte de Washington. França, Espanha e Itália expressaram preocupação com o potencial impacto em suas economias.

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Bebidas alcoólicas foram removidas do primeiro pacote de tarifas da União Europeia, aprovado em abril. Esse pacote, que abrange 21 bilhões de euros (R$ 137 bilhões) em produtos americanos, foi imediatamente suspenso para dar espaço para negociações. Ele deve voltar a entrar em vigor em 6 de agosto, após uma prorrogação.

A Comissão Europeia apresentou o segundo pacote para consulta pública em maio, selecionando cerca de 95 bilhões de euros (R$ 619,8 bilhões) em produtos americanos para contramedidas. Desde então, a lista foi reduzida, embora tenha mantido a maioria dos itens principais.