Ucrânia vai abrir corredor humanitário em Mariupol
Não ficou claro se a medida tem apoio russo; serão priorizados idosos, mulheres e crianças na evacuação

A Ucrânia disse nesta quarta-feira, 20, que vai abrir um corredor humanitário para civis saírem da cidade de Mariupol, na região portuária sitiada pela Rússia. A siderúrgica Azovstal, que tornou-se uma espécie de fortaleza para a resistência ucraniana, sofre nesta semana com uma campanha intensa de bombardeios.
Segundo Iryna Vereshchuk, vice-primeira-ministra da Ucrânia, vai retirar civis da cidade a partir das 14h, priorizando mulheres, crianças e idosos. Ela disse que a situação em Mariupol era “catastrófica” e que poderiam ocorrer mudanças no trajeto do corredor “devido à situação de segurança muito difícil”.
Não ficou claro se a medida tem apoio russo.
Também nesta quarta-feira, a Rússia disse que enviou um rascunho de documento descrevendo suas demandas dentro de um possível acordo de paz, para pôr fim à invasão. Mesmo assim, continua hesitante sobre as chances de resolução do conflito.
“Agora a bola está na quadra deles”, disse Dmitry Peskov, porta-voz do governo de Vladimir Putin. “Estamos aguardando uma resposta.”
Antro da resistência
Várias tentativas de resgatar civis de Mariupol fracassaram devido à desconfiança entre os dois lados da guerra. No início de março, as forças russas cercaram e bombardearam a cidade e cortaram a energia, água e aquecimento.
De acordo com autoridades ucranianas, a Rússia começou a usar bombas para destruir bunkers na siderúrgica Azovstal, a última área da cidade sob controle militar ucraniano. Civis, incluindo crianças, estão se escondendo dos bombardeios junto aos combatentes.
Serhiy Volyna, comandante da 36ª brigada de fuzileiros navais da Ucrânia em Mariupol, divulgou um vídeo na noite de terça-feira 19, em que pede ação internacional para “salvar Mariupol”. No entanto, o soldado afirma que a resistência na cidade está “chegando ao fim dos seus dias, se não horas”.
Na terça-feira 19, a Rússia ofereceu um cessar-fogo para que os ucranianos da região se rendessem até esta quarta-feira, às 12h. O prazo, no entanto, já passou – sem rendição.
As negociações de paz entre os dois países estão travadas desde que a Ucrânia acusou a Rússia de cometer crimes de guerra, incluindo o massacre de centenas de civis em Bucha. A Rússia revidou, tentando culpar os ucranianos pela falta de progresso nas negociações.
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse que a Ucrânia transformou as negociações em um “circo” e acusou Kiev de mudar sua posição como uma “distração”.
A Ucrânia duvida que Putin realmente deseje um fim do conflito. Autoridades temem que ele tenha exigido ao seu exército uma vitória na região de Donbas a tempo do desfile anual do Dia da Vitória, na Praça Vermelha em 9 de maio, que comemora a rendição nazista na Segunda Guerra Mundial.