Ucrânia participou de assassinato da filha do ‘guru’ de Putin, diz EUA
Inteligência americana afirma que não estava ciente do plano de ataque que matou Daria Dugina e advertiu Kiev sobre operação

A agência de inteligência dos Estados Unidos acredita que o governo da Ucrânia autorizou a explosão do carro perto de Moscou, na Rússia, que matou Daria Duguina, a filha do ultranacionalista russo Aleksandr Dugin, em agosto. As autoridades americanas também afirmaram nesta quarta-feira, 5, que não participaram do ataque e que teriam sido contra a operação se soubessem dela anteriormente.
A avaliação da cumplicidade ucraniana foi compartilhada dentro do governo americano na semana passada, e reportada primeiro pelo jornal americano The New York Times. Após o ataque, Kiev negou envolvimento no assassinato. Quando questionados sobre a avaliação da inteligência americana, altos funcionários ucranianos também disseram que não participaram da operação.
“Confirmo que a Ucrânia, é claro, não teve nada a ver com isso porque não somos um estado criminoso, como a Federação Russa, e além disso não somos um estado terrorista”, disse o assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak.
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No entanto, as autoridades americanas não divulgaram quais elementos do governo ucraniano teriam autorizado a missão, quem realizou o ataque ou se o presidente Volodymyr Zelensky teve algum envolvimento.
A inteligência americana recebeu a informação de um funcionário do governo, que as revelou sob anonimato. Os oficiais dos Estados Unidos também não revelaram quem do governo ucraniano recebeu a advertência sobre a operação.
Antes dessa avaliação dos Estados Unidos, foram levantadas várias hipóteses sobre o caso. Uma possibilidade era da operação ser do tipo “falsa bandeira”, em que os próprios agentes russos teriam armado a provocação para justificar mais brutalidade na guerra contra a Ucrânia.
Outra ideia era de que uma facção insatisfeita dos organismos de inteligência russa tenha resolvido agir por conta própria. O assessor do de Volodymyr Zelensky cogitou a possibilidade e tuitou: “As serpentes dos serviços especiais russos começaram uma briga intraespécie”.
Oficiais dos Estados Unidos suspeitam que os ucranianos visavam atingir o cientista político e “guru ideológico” do presidente Vladimir Putin, Alexander Dugin, e acreditavam que ele estaria com sua filha, Daria Dugina, no veículo que foi explodido. De acordo com o jornal do governo russo Rossiiskaya Gazeta, pai e filha estavam participando de um festival nos arredores de Moscou e Dugin decidiu trocar de carro no último minuto.
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Embora a Rússia não tenha iniciado uma retaliação específica pelo assassinato, os Estados Unidos estão preocupados que Moscou comece a realizar ataques contra altos funcionários ucranianos. Também afirmaram estar frustrados com a falta de transparência de Kiev sobre seus planos militares em solo russo.
Autoridades americanas afirmam que, embora tenham compartilhado informações de inteligência sensíveis sobre o campo de batalha com os ucranianos – como suprimentos e outros alvos importantes –, nem sempre existe uma contrapartida. No início da guerra, os Estados Unidos reconheceram que diversas vezes sabiam mais sobre os planos de guerra russos do que sobre as intenções de Kiev.