Em mais um movimento para combater possíveis atividades subversivas russas, autoridades da Ucrânia ordenaram nesta sexta-feira, 10, que uma ala da Igreja Ortodoxa historicamente alinhada a Moscou deixe um mosteiro em Kiev onde está sediada.
Em comunicado, o Ministério da Cultura ucraniano afirmou que uma investigação revelou que a igreja “violou os termos do acordo sobre o uso de propriedade do Estado”, porém não deu detalhes. A ala usa como sede o Mosteiro de Kiev-Petchersk, declarado Patrimônio da Humanidade.
A decisão segue um cerco de Kiev à Igreja Ortodoxa da Ucrânia, afirmando que a instituição segue sob o patriarcado de Moscou, mesmo com a invasão iniciada no ano passado. O patriarca Cirilo I de Moscou é um firme defensor do presidente russo, Vladimir Putin, e deu sua bênção às forças russas que lutam na guerra. Durante o conflito, fez sermões anti-Ocidente e anti-Kiev.
A Igreja Ortodoxa da Ucrânia, no entanto, diz ter rompido laços com a Rússia e com o patriarca e afirma que é vítima de uma caça às bruxas.
Em novembro, o Serviço de Segurança da Ucrânia invadiu o mosteiro na justificativa de ser uma operação para combater suspeitas de “atividades subversivas dos serviços especiais russos”.
Na ocasião, as autoridades responsáveis não deram detalhes sobre a operação, porém policiais foram vistos verificando identidades e revistando as bolsas dos fiéis antes de deixá-los entrar. Na época, um líder chegou a condenar o ataque e o chamou de um “ato de intimidação”
A Guerra na Ucrânia também serviu para dividir ainda mais as duas igrejas, intensificando uma disputa de longa data sobre lealdade religiosa. Há três anos a Igreja Ortodoxa ucraniana se separou formalmente da liderança de Moscou, o que resultou na perda de várias paróquias ucranianas. Entretanto, muitas igrejas e mosteiros históricos permaneceram leais aos russos não só na religião, mas também na política.
O conceito de “mundo russo” faz parte da nova doutrina política de Putin, que visa proteger a língua, a cultura e a religião da Rússia, além de ter sido usado por ideólogos conservadores para justificar a intervenção no exterior.