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Ucrânia e separatistas pró-Rússia trocam 200 prisioneiros

Segundo jornal ucraniano, entre os prisioneiros está o brasileiro Rafael Lusvarghi, preso por lutar ao lado dos separatistas

Por AFP 29 dez 2019, 23h44
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  • As autoridades ucranianas e os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia trocaram neste domingo, 29, cerca de 200 prisioneiros, uma operação que representa um recuo no único conflito armado ativo da Europa.

    “É maravilhoso, estou muito feliz”, disse à imprensa o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, após receber os prisioneiros libertados no aeroporto de Boryspil, perto de Kiev.

    A troca “corria o risco de fracassar a cada segundo”, acrescentou Zelenski, que reconheceu que muitos ucranianos continuam detidos na Rússia e na Crimeia, península do sul da Ucrânia anexada pela Rússia em 2014.

    Junto com o presidente, vários familiares receberam com flores e balões 76 libertados do bando de Kiev, entre os quais havia 12 militares e 64 civis, incluindo dois jornalistas colaboradores do serviço ucraniano da rádio americana RFE/RL, Stanislav Aseiev e Oleg Galaziuk, detidos havia dois anos.

    Entre os libertados estaria, segundo o jornal russo Novaya Gazeta, o brasileiro Rafael Lusvarghi, preso por lutar ao lado dos separatistas.

    Quatro prisioneiros soltos a pedido de Kiev decidiram ficar na zona separatista para encontrar suas famílias. Quatorze pessoas que foram libertadas a pedido dos rebeldes decidiram ficar no território sob controle de Kiev, segundo as autoridades ucranianas.

    Por sua parte, os separatistas pró-russos das repúblicas autoproclamadas de Donetsk e Lugansk disseram às agências de notícias russas que receberam respectivamente 61 e 63 pessoas, incluindo cidadãos russos e um brasileiro que lutou nas fileiras rebeldes.

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    Tanto o presidente russo Vladimir Putin quanto a chanceler alemã Angela Merkel – que mediaram as negociações de paz na França no início de dezembro – celebraram a “troca positiva de detidos”, segundo comunicado da presidência russa.

    De acordo com Berlim, Merkel e o presidente francês, Emmanuel Macron, que também defendeu a aproximação, teriam celebrado este “gesto humanitário” que servirá para “restabelecer a confiança” entre as partes.

    A embaixada dos Estados Unidos na Ucrânia também elogiou o intercâmbio em seu Twitter oficial, observando que reconhece que “a agressão contínua da Rússia enfrenta a liderança da Ucrânia com opções difíceis”.

    O líder dos rebeldes de Lugansk, Leonid Passechnik, comemorou “uma nova vitória” em um tuíte. Os últimos libertados pelos pró-russos desceram do ônibus aos gritos de “Glória à Ucrânia”.

    Primeira troca direta

    Esta é a primeira troca direta entre ucranianos e separatistas desde dezembro de 2017. A operação que durou cinco horas, começou por volta do meio-dia nas imediações do posto de controle de Maiorske, na parte controlada por Kiev na região de Donetsk, perto do front.

    Soldados ucranianos e combatentes separatistas armados foram deslocados nos arredores. Ambulâncias, a Cruz Vermelha e observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) também estavam presentes.

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    Os primeiros prisioneiros, a maioria homens, embora também houvesse algumas mulheres, desembarcaram com seus pertences de um ônibus.

    “Estou contente, é o dia que esperávamos há muito tempo”, comemorou Viktoria, uma ucraniana de 24 anos, explicando que ficou três anos presa. Os separatistas a condenaram a 12 anos de prisão por alta traição, afirmou.

    “Liguei para o meu pai, está chorando”, afirmou um terceiro detido, Oleksandr Danilchenko, afirmando que foi espancado e torturado durante sua detenção.

    A troca gerou controvérsia, pois as autoridades ucranianas também aceitaram libertar ex-policiais detidos por seu suposto envolvimento na sangrenta repressão das manifestações da praça Maidan de 2014 ou a três homens que cometeram um atentado mortal em Kharkiv em fevereiro de 2015.

    A guerra no leste da Ucrânia deixou mais de 13.000 mortos desde que começou, em 2014, semanas depois da anexação da Crimeia pela Rússia.

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