A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, disse nesta terça-feira, 12, que o país está investigando se a Rússia usou armas químicas durante o sítio à cidade portuária de Mariupol, no sul da Ucrânia.
O regimento Azov, da Ucrânia, disse que três soldados foram feridos por “uma substância venenosa” em um ataque na segunda-feira 11. A acusação foi feita por meio do Telegram, quando membros do batalhão escreveram que as forças russas lançaram a substância desconhecida durante um ataque de drone em Azovstal, uma grande usina de metais da cidade.
“Existe uma teoria de que podem ser munições de fósforo”, disse Malyar, em comentários na televisão. “Informações oficiais virão mais tarde”, ela acrescentou.
Segundo relatos do batalhão supostamente atacado, os combatentes sofreram ferimentos leves e sintomas como falta de ar. Um homem ferido descreveu uma fumaça branca “de sabor doce” cobrindo uma área da usina após uma explosão. Outro disse que se sentiu imediatamente incapaz de respirar e desmaiou.
O conselho local de Mariupol disse, também no Telegram, que ainda não foi possível examinar a área onde a substância desconhecida teria sido usada porque ela está ocupada pelo Exército russo.
O Ministério de Defesa da Rússia não fez nenhum comentário sobre as alegações, enquanto combatentes separatistas pró-Rússia da autoproclamada república de Donetsk negaram o uso de quaisquer agentes químicos.
ESCALADA DO CONFLITO
Os Estados Unidos e o Reino Unido disseram que estão analisando as acusações de uso de armas químicas em Mariupol. As nações que impuseram sanções à Rússia devido à invasão já alertaram que esse tipo de escalada do conflito levaria a medidas ainda mais duras contra Moscou.
Na noite de segunda-feira 11 , o presidente Volodymyr Zelensky disse que o uso dessas armas marcaria uma “nova fase de terror contra a Ucrânia” e pediu aos aliados que ajudem a armar seus soldados para defender o país.
“Infelizmente, não estamos recebendo tantas [armas] quanto precisamos para acabar com esta guerra mais cedo”, disse Zelensky. “Tenho certeza de que obteremos quase tudo o que precisamos, mas não apenas o tempo está sendo perdido. As vidas dos ucranianos estão sendo perdidas, vidas que não podem mais ser devolvidas.”
Pronunciamentos anteriores de líderes das nações que apoiam a Ucrânia sugerem que o uso de armas químicas pelo Exército russo poderia levar até mesmo ao envio de soldados internacionais para lutar ao lado dos ucranianos.
O ministro da Defesa do Reino Unido, James Heappey, não descartou nada em termos de uma resposta ocidental se a acusação for confirmada. “O uso de armas químicas terá uma resposta e todas as opções estão na mesa”, disse.
No mês passado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) “responderia” se a Rússia usasse armas químicas na Ucrânia. “A natureza da resposta dependeria da natureza do uso”, afirmou.