Trump proíbe decolagem de voos do modelo Boeing 737 Max
Medida representa mudança na politica do governo americano, que até ontem havia anunciado que não via "base" para ordenar suspensão de voos
O presidente Donald Trump anunciou nesta quarta-feira, 13, que os Estados Unidos decidiram proibir a decolagem de voos com aviões do modelo Boeing 737 Max, após o acidente aéreo na Etiópia que matou 157 pessoas no último domingo 10.
A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos havia dito ontem que não suspenderia os voos com o modelo, já que após uma revisão das aeronaves não via “nenhuma base para ordenar que o avião seja mantido em terra”.
A decisão desta quarta, portanto, representa um grande golpe para a Boeing, que já foi afetada pelas medidas tomadas por pelo menos cinquenta países de não permitir a entrada em seu espaço aéreo deste modelo fabricado pela empresa americana.
“Os pilotos foram notificados, as companhias foram todas notificadas. As empresas aéreas concordam com isso. A segurança do povo americano e de todas as pessoas é nossa maior preocupação”, declarou Trump na Casa Branca. “Todos esses aviões serão imobilizados de maneira efetiva imediatamente”, disse.
O presidente americano disse que o órgão regulador do espaço aéreo dos Estados Unidos fará um anúncio nesta tarde detalhando a medida.
Trump afirmou ainda que a decisão foi tomada em conjunto com o governo do Canadá, que anunciou a suspensão dos voos com o Boeing 737 Max mais cedo nesta quarta.
União Europeia (UE), Índia, Indonésia e Etiópia são alguns dos países que também tomaram a medida.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), do Brasil, ainda não tomou nenhuma iniciativa, mas a única companhia brasileira detentora desse aparelho, a Gol, anunciou na noite de segunda-feira a suspensão do uso delas. A Gol possui sete aviões B737 Max
Na mesma linha da Gol, as companhias Aerolíneas Argentinas e a Norwegian Airlines anunciaram a interrupção temporária dos voos de seus aviões B737 Max.
Estas medidas causaram uma grave crise na Boeing, que entre segunda e terça-feira perdeu na Bolsa de Nova York quase US$ 27 bilhões.
Na metade do pregão desta quarta-feira, as ações da companhia oscilavam em leve alta ou em baixa, em um tipo de tentativa de estabilização da sua cotação. No início da tarde, a Boeing operava em leve baixa de 0,13%.
A FlightAware, empresa global de software de aviação e serviços de dados, publicou uma imagem que mostra todos os aviões do modelo Boeing 737 Max que estavam no ar nos Estados Unidos no momento do anúncio de Trump.
As causas do acidente do último domingo, no qual morreram 157 pessoas, ainda não foram reveladas. Pouco depois de decolar, a aeronave da Ethiopian Airlines caiu perto da cidade de Bishoftu, a 42 quilômetros da capital do país africano, Adis Abeba.
O Boeing 737 Max 8 também é o modelo do avião que caiu na Indonésia em 29 outubro do ano passado, deixando 189 mortos. A aeronave pertencia à companhia Lion Air e tinha três meses de uso — a investigação ainda não chegou a uma conclusão sobre a causa da tragédia.
Desde o primeiro acidente, o 737 Max enfrenta ceticismo por parte da comunidade aeroespacial. O programa apresentou problemas ainda na fase de desenvolvimento.
Em maio de 2017, a Boeing interrompeu os testes de voo dos 737 Max devido a problemas de qualidade do motor produzido pela CFM International, empresa de propriedade conjunta da Safran Aircraft Engines e GE Aviation.
O último acidente representa um grande golpe para a Boeing, cujos aviões Max são a última versão do 737, sua aeronave mais vendida de todos os tempos, com mais de 10.000 aparelhos produzidos.
A fabricante divulgou estar “profundamente entristecida” com o acidente da Ethiopian Airlines, e acrescentou que uma equipe técnica auxiliará nas investigações.
De acordo com o jornal The Dallas Morning News, pelo menos cinco queixas de pilotos foram apresentadas a autoridades federais sobre o funcionamento do mecanismo de segurança do 737 Max 8 após incidentes durante voos.
(Com EFE)