Trump é criticado por chamar Montenegro de país ‘pequeno e agressivo’
Presidente gera polêmica ao ser questionado se interferiria em um conflito entre Rússia e Montenegro como parte da Otan

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou nova controvérsia ao chamar Montenegro de um “país muito pequeno” cujos habitantes são “muito agressivos”, ao aparentemente questionar o princípio de defesa mútua da Otan.
“Se, por exemplo, atacarem Montenegro, por que meu filho deveria ir a Montenegro para defendê-los?” – perguntou um jornalista da emissora Fox News em uma entrevista com Trump transmitida na noite de terça-feira (17).
“Entendo o que você está dizendo. Também me fiz esta pergunta”, respondeu o presidente em referência ao artigo 5 da cláusula de defesa comum da Otan, que estabelece que um ataque contra um dos membros é uma ação contra todos.
“Montenegro é um país pequeno com gente muito forte (…). São pessoas muito agressivas. Podem ser tornar agressivos”, disse Trump, dando a entender que tal comportamento poderia desencadear “a Terceira Guerra Mundial” ao provocar o compromisso de defesa mútua da Otan.
Montenegro, uma ex-república iugoslava com população de cerca de 630.000 habitantes, aderiu à Otan no ano passado, tornando-se o 29º membro da organização. Seu Exército tem apenas 2.000 homens. O país é bastante conhecido na Europa por suas cidades históricas e belas praias em cidades como Budva, Kotor e Bar. Montenegro também é uma das grandes potências mundiais do polo aquático.
Em um comunicado divulgado nesta quinta-feira (19), o governo de Montenegro se defendeu, afirmando que encoraja somente a paz. “Montenegro é orgulhoso de sua história, tradição e política pacífica, que levaram à sua posição de Estado estabilizador na região”, disse o governo na declaração.
O país afirmou ainda que sua amizade com os Estados Unidos é “forte e permanente”. “No mundo de hoje, não importa o quão grande ou pequeno você é, mas até que ponto você valoriza os valores de liberdade, solidariedade e democracia”, concluiu.
Interferência russa
A Rússia tem sido acusado de interferir nas eleições de Montenegro. Um fracassado golpe de Estado em outubro de 2016, no dia das eleições parlamentares, foi supostamente planejado por militantes pró-Rússia.
Os comentários de Trump foram muito criticados, inclusive por seus aliados republicanos.
“Trump semeia mais dúvidas sobre se os Estados Unidos, sob sua liderança, defenderão nossos aliados. Este é outro presente para (o presidente russo, Vladimir) Putin”, escreveu no Twitter Nicholas Burns, embaixador americano na Otan entre 2001 e 2005.
“Ao atacar Montenegro e questionar nossas obrigações dentro da Otan, o presidente faz exatamente o jogo de Putin”, lamentou o senador republicano John McCain, também no Twitter.
O artigo 5 foi invocado apenas uma vez, pelos Estados Unidos, após os ataques do 11 de Setembro contra Nova York e Washington organizados pelo grupo terrorista Al Qaeda.
Desde que se tornou presidente, Trump tem questionado o futuro do compromisso dos Estados Unidos com a Otan, criada para evitar qualquer agressão da União Soviética durante a Guerra Fria. O americano acredita que os Estados Unidos contribuem mais financeiramente e para a defesa do grupo do que outros países membros.
(Com AFP)