Trump é convidado à primeira audiência de impeachment no Comitê Judiciário
A participação do presidente é vista pelo comitê, que é um órgão da Câmara dos Deputados, como um 'privilégio', e não um 'direito'
O democrata Jerrold Nadler, que preside o Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, convidou, nesta terça-feira, 26, o presidente Donald Trump à primeira audiência de impeachment no órgão, prevista para dezembro. O processo deixa o Comitê de Inteligência da Câmara, onde têm tramitado desde seu início, nos próximos dias.
O órgão Judiciário da Câmara, responsável por averiguar se o processo de impeachment está de acordo com a Constituição americana, agendou sua primeira audiência sobre o tema para a próxima semana, na quarta-feira, 4, às 10h (12h no horário de Brasília)
“Eu escrevo para perguntar se você [Trump] e seus advogados planejam comparecer à audiência ou requerir uma questão às testemunhas… Eu o lembro que a participação do president ou de seus advogados tem sido descrita pelo comitê em casos anteriores como ‘não um direito, mas um privilégio ou uma cortesia'”, escreveu Nadler em carta aberta.
Nadler — que afirma que o procedimento é consistente com o dado pelo mesmo órgão aos processos de impeachment dos ex-presidentes Bill Clinton, entre 1998 e 1999, e Richard Nixon, entre 1973 e 1974 — deu a Trump até o domingo, 1, às 18h (20h) para confirmar sua presença.
Na carta aberta, Nadler ainda denunciou o comportamento de Trump em intimidar funcionários de seu governo — como tentou (e fracassou) com o embaixador na União Europeia, Gordon Sondland, no início de outubro — a não testemunhar à Câmara dos Deputados.
“Se você continuar a se recusar a disponibilizar testemunhas e documentos [à Câmara], de acordo com resolução da Câmara, ‘o presidente do comitê deverá ter o arbítrio para impor as soluções apropriadas'”, conclui.
Desde a abertura do processo de impeachment pela presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, no final de setembro, o processo de impeachment tramitou apenas no Comitê de Inteligência.
Presidido pelo também democrata Adam Schiff, o Comitê de Inteligência entrevistou diversas testemunhas ao longo dos meses de outubro e novembro com a intenção de elucidar a conduta do presidente na solicitação de auxílio ao governo da Ucrânia para investigar o ex-vicepresidente americano e possível rival de Trump nas eleições de 2020 Joe Biden.
Entre os dias 13 e 21 de novembro, o órgão entrevistou 12 testemunhas em cinco dias de audiências transmitidas ao vivo ao público. Schiff disse que divulgará o seu relatório — o que encaminha o processo ao Comitê Judiciário — “logo” após o Dia de Ação de Graças, que será comemorado na quinta-feira, 28.