Rei saudita diz a Trump não saber o que aconteceu a jornalista na Turquia
Secretário de Estado americano vai à Arábia Saudita; Turquia faz busca hoje no consulado saudita para elucidar destino de Jamal Khashoggi
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (15) ter conversado com o rei Salman, da Arábia Saudita, sobre o desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi. Segundo o americano, o monarca não sabe o que aconteceu com o colunista do jornal The Washington Post.
Trump também afirmou que decidiu enviar o seu secretário de Estado, Mike Pompeo, para se encontrar com o rei pessoalmente e discutir a questão mais a fundo.
“Acabo de conversar com o rei da Arábia Saudita, que nega qualquer conhecimento sobre o que pode ter acontecido (a Khashoggi). Disse que estão trabalhando estreitamente com a Turquia para encontrar uma resposta”, afirmou Trump no Twitter.
O presidente americano disse que Pompeo viajará “imediatamente” à Arábia Saudita, mas não informou a data exata do encontro com o rei Salman bin Abdulaziz.
Segundo Trump, “uma gangue de assassinos” poderia estar por trás do desaparecimento do jornalista saudita.
“Me parece que, talvez, poderia ser uma gangue de assassinos, quem sabe. Vamos tentar chegar a fundo (sobre o assunto) muito em breve”, afirmou o presidente aos jornalistas momentos antes de embarcar no avião presidencial rumo à Flórida.
Crítico do governo saudita, Khashoggi está desaparecido desde o último dia 2. Existem suspeitas de que o jornalista teria sido assassinado, a mando de Riad, no consulado da Arábia Saudita na cidade turca de Istambul.
Ele visitou o consulado para obter documentos para se casar. Sua noiva diz que ele nunca deixou o prédio, mas as autoridades sauditas garantem que o jornalista saiu vivo do local.
Buscas e investigações
A Turquia deve realizar na tarde desta segunda-feira uma revista no consulado como parte da investigação.
As buscas no edifício serão feitas de forma “conjunta” com uma delegação saudita, segundo a agência de notícias Anadolu. A decisão foi tomada depois que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o rei saudita conversaram por telefone ontem à noite.
A Arábia Saudita tem negado veementemente ter matado Khashoggi, um crítico das políticas do reino, e o Ministério do Interior saudita descreveu as acusações como “mentiras”.
Contudo, autoridade turcas afirmaram à diversos meios de comunicação possuírem gravações e outras provas de que o jornalista teria sido assassinado no consulado a mando de Riad.
As fontes afirmaram ainda que Khashoggi teve seu corpo desmembrado por uma equipe de 15 agentes do governo saudita, enviada a Istambul especialmente para matar o jornalista.
Apesar de Trump ter dito que está preocupado com o paradeiro de Khashoggi, ele se mostrou reticente a sancionar a Arábia Saudita pelo seu desaparecimento e afirmou que “não seria aceitável” suspender a venda de armas ao país, aliado próximo de Washington.
Por sua vez, líderes mundiais, como o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o presidente da França, Emmanuel Macron, entre outros, pediram que o desaparecimento seja esclarecido.
(Com EFE, AFP, Reuters e Estadão Conteúdo)