Trump diz que Musk e Kennedy Jr. serão ‘figuras influentes’ em eventual governo
Caso seja eleito, republicano afirma considerar colocar CEO da Tesla e ex-advogado que espalha teorias conspiratórias em sua administração
O ex-presidente americano e candidato republicano às eleições nos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite de quinta-feira, 31, que Elon Musk, CEO da Tesla e dono do X (antigo Twitter), e Robert F. Kennedy Jr., um ex-democrata que desistiu da corrida à Casa Branca pela promessa de um cargo, podem ser “figuras influentes” em um eventual governo, caso ele seja eleito.
Durante uma longa entrevista concedida ao apresentador conservador Tucker Carlson no estado do Arizona, um dos sete que serão decisivos para os resultados deste ano, ele pediu para Trump abordar as especulações sobre as contratações dos dois homens: Musk, que doou US$ 75 milhões para o America PAC – fundo que apoia a campanha republicana –, e Kennedy, que concorreu à presidência como candidato sem partido antes de desistir e apoiar Trump em agosto.
“Você acha que Bobby Kennedy e Elon Musk serão figuras influentes, sem ser específico sobre quais serão esses papéis em sua administração?”, perguntou Carlson.
“Sim, eu acho”, respondeu Trump.
Na quarta-feira, o copresidente da equipe de transição de Trump, Howard Lutnick, minimizou as possibilidades de Musk ou Kennedy acabarem no segundo gabinete de Trump durante uma entrevista à emissora americana CNN. Musk provavelmente apenas “ajudaria” o governo, e não seria funcionário. Kennedy, conhecido por espalhar teorias da conspiração e pela bandeira anti-vacina, pode atuar no Departamento de Saúde, mas não seria chefe da área.
Foco no Arizona
O encontro com Carlson no Arizona não foi por acaso. O republicano procura aproveitar a vantagem no estado que, apesar de ser considerado “pêndulo”, historicamente tem uma inclinação. Trump perdeu as eleições por lá para o atual presidente, Joe Biden, em 2020, as as pesquisas mais recentes revelaram uma ligeira superioridade no Arizona em relação à rival, Kamala Harris.
Além disso, a entrevista foi anunciada como um evento de arrecadação de fundos para ajudar as pessoas afetadas pelo furacão Helene — uma questão de importância na Carolina do Norte, outro estado indeciso que pode definir os resultados.
Carlson, um ex-comentarista da Fox News que se tornou ainda mais direitista desde sua demissão no ano passado, não foi combativo, mas amigável. Ele prestou homenagem a Trump diante de uma multidão de apoiadores, em uma arena com capacidade para 19 mil pessoas em Glendale, um subúrbio da capital, Phoenix. Foi um espaço para promover sua campanha e os planos para um eventual governo.
O ex-presidente, porém, se esquivou dos assuntos mais políticos e passou boa parte da entrevista lançando insultos a seus oponentes. Ele chamou Harris de “um indivíduo de baixo QI” e “burra como uma pedra”. Também mencionou a republicana Liz Cheney, em campanha pela candidata do Partido Democrata, cujo pai, o ex-vice-presidente Dick Cheney, foi arquiteto da invasão americana do Iraque.
“Ela é uma falcão de guerra radical”, disse ele. “Vamos colocá-la com um rifle ali, com nove canos atirando nela. Vamos ver como ela se sente sobre isso. Quando as armas estiverem apontadas para o rosto dela.”
O republicano também voltou a lançar alertas sobre “o inimigo interno”, como ele chama seus oponentes políticos.
“Temos um inimigo interno. Temos algumas pessoas muito más, e essas pessoas também são muito perigosas. Elas gostariam de derrubar nosso país. Elas gostariam que nosso país fosse um bom país comunista ou fascista de qualquer maneira que pudessem, e temos que ter cuidado com isso”, disse Trump.