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México e Estados Unidos chegam a acordo para evitar tarifaço

Medida sobre produtos mexicanos custaria 400.000 empregos nos Estados Unidos e US$ 900 ao ano para cada domicílio americano

Por Lúcia Guimarães, de Nova York
Atualizado em 7 jun 2019, 22h47 - Publicado em 7 jun 2019, 20h29

O presidente Donald Trump anunciou pelo Twitter na noite desta sexta-feira, 7, que não haverá imposição de tarifas punitivas sobre as importações do México. O chanceler mexicano Marcelo Ebrard confirmou o acordo também pelo Twitter e disse que estava no Departamento de Estado, onde anúncio seria feito até o fim da noite. As tarifas sobre importações mexicanas “estão suspensas indefinidamente”, afirmou o presidente americano.

Quando os termos do acordo forem divulgados será esclarecida a questão mais espinhosa apresentada por Trump e que encontrou repetida resistência dos mexicanos. O governo Trump exigia que o México assumisse a responsabilidade por todos os imigrantes centro-americanos pedindo asilo que cruzassem seu território, o que, na prática, os impediria de bater às portas dos Estados Unidos. O presidente Andrés Manuel López Obrador era contra esta concessão.

A bordo do Air Force One em seu retorno da Europa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dissera, durante a tarde, haver “boas chances” de se evitar a adoção de tarifas de importação sobre 360 bilhões de dólares em produtos do México a partir de segunda-feira, 10. A ameaça fora imposta por ele mesmo, como punição para a suposta negligência do país vizinho no controle da imigração de centro-americanos.

A declaração de Trump surgiu entre idas e vindas da Casa Branca sobre o tema nesta sexta-feira, enquanto os negociadores americanos e mexicanos ainda tentavam chegar a um acordo. Em um gesto de última hora do governo mexicano para evitar o tarifaço, o governo de Andrés Manuel López Obrador enviou 6.000 soldados da Guarda Nacional para a fronteira com a Guatemala para bloquear uma nova caravana de imigrantes. Ainda assim, o governo de Trump insistia que a primeira rodada de tarifas contra produtos do México entraria em vigor na segunda-feira, 10.

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Na semana passada, Donald Trump havia anunciado que a primeiras tarifas de importação seriam de 5%, aumentando 5% a cada mês até chegar a 25% – um golpe severo para a economia mexicana, acostumada ao livre comércio com o parceiro do norte.

A decisão de Trump de misturar comércio exterior à política de imigração provocou um racha no Partido Republicano, especialmente entre senadores cujos estados serão diretamente afetados por uma guerra comercial com o México.

Um grupo de senadores tentava convencer o presidente de que ele arriscaria sofrer mais deserções em sua base do que em março passado, quando doze legisladores republicanos diluíram a maioria confortável do partido no Senado ao se juntaram aos democratas. O resultado foi o desmonte da situação de emergência que Trump decretara por causa da crise de imigrantes na fronteira sul.

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Uma companhia de análise econômica baseada no Texas, Perryman Group, divulgou nesta semana um relatório prevendo a perda de até 400.000 postos de trabalho nos Estados Unidos se a medida foi aplicada. Desse conjunto, 117.000 empregos seriam perdidos somente no Texas, estado tradicionalmente republicano onde o pré-candidato democrata Joe Biden apareceu na quinta-feira 6, pela primeira vez, com quatro pontos na frente de Trump em uma pesquisa de intenção de votos para a eleição de 2020.

Além de produtos agrícolas e peças e componentes de automóveis, o México exporta para os Estados Unidos petróleo cru, tratores, televisores, telefones, equipamentos para computadores, instrumentos cirúrgicos, refrigeradores, ar-condicionados e bebidas alcoólicas. E também frutas, como o abacate. O portal Vox consultou um grupo de economistas e concluiu que o custo das tarifas para cada domicílio americano seria de 900 dólares por ano.

A economia mexicana, com pesada dependência de exportações para os Estados Unidos, sofreu contração de 0.2% no primeiro trimestre. Poderia entrar em recessão com a escalada das tarifas americanas, estimou na semana passada o economista Felipe Hernandez, da Bloomberg, num golpe para o governo de López Obrador, empossado há apenas seis meses.

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