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Trump cancela encontro com líder norte-coreano

Casa Branca enviou carta a Kim-Jong-un na qual diz ser inadequado manter a reunião depois de críticas da Coreia do Norte

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 24 Maio 2018, 12h27 - Publicado em 24 Maio 2018, 11h13
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  • O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cancelou hoje (24) o encontro com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, dizendo ser “inadequado” manter esse compromisso, marcado inicialmente para o dia 12 de junho em Singapura. A notícia surge justamente quando a Coreia do Norte promove o desmantelamento de suas instalações nucleares, sob a observação da imprensa.

    A decisão de Trump foi comunicada por meio de carta a Pyongyang, na qual Trump diz que, “dadas a tremenda raiva e hostilidade aberta” demonstradas por Kim em suas mais recentes declarações, não considera apropriado manter o encontro planejado. “Esta oportunidade perdida é verdadeiramente um momento triste da história”, disse.

    “Eu realmente esperava muito estar com você lá (em Singapura). Infelizmente, dadas a tremenda raiva e a hostilidade aberta demonstrada por você em sua mais recente declaração, eu sinto que  é inadequado, neste momento, ter essa reunião planejada por tanto tempo”, escreveu o presidente americano.

    Trump não especificou quais teriam sido essas declarações. Mas a imprensa americana concluiu que o presidente referiu-se às reações da vice-ministra das Relações Exteriores da Coreia do Norte,  Cheo Son Hui, a comentários recentes do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence.

    Em entrevista a uma rede de televisão, Pence disse que a Coreia do Norte “pode acabar como a Líbia”, onde o líder Muamar Khadafi desmantelou seu programa nuclear em 2003 e acabou morto por rebeldes oito anos depois. Cheo chamou os comentários de Pence de “estúpidos”

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    “Não posso esconder minha surpresa diante de tais comentários idiotas e estúpidos da boca do vice-presidente americano”, declarou Cheo Son Hui, citada pela agência oficial de notícias KCNA. “Se os Estados Unidos forem contra nossa boa vontade e persistirem em atos ilegais e insultantes, transmitirei uma sugestão à direção suprema [da Coreia do Norte] para reconsiderar a cúpula”, completou.

    Na última semana, Washington e Pyongyang tiveram outros atritos. O mais relevante foi a reação do governo da Coreia do Norte aos exercícios militares anualmente realizados pelas forças aéreas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. As manobras já estavam agendadas quando Kim e Moon se encontraram na fronteira. Ainda assim, quando foram iniciadas, neste mês, provocaram indignação de Pyongyang.

    Ameaça

    Na carta, Trump ainda disparou ameaça velada a Kim que, à primeira vista, retomam o nível elevado de confronto verbal entre os dois líderes registrado antes do encontro entre os presidentes das duas Coreias, no final de abril.

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    “Você fala de suas capacidades nucleares, mas as nossas são tão massivas e poderosas que eu rezo a Deus para que elas nunca tenham de ser usadas”, escreveu Trump.

    Carta de Trump para Kim Jong-un
    Carta de Trump para Kim Jong-un (Casa Branca/Divulgação)

    A decisão de Trump impõe ao mundo a retomada de tensões entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte e deverá impactar negativamente no processo de distensão iniciado no final de abril na península, que ainda vive em estado de conflito iminente. A guerra de 1950 a 1953 foi apenas suspensa por um armistício. A perspectiva era de um diálogo suficientemente fluído com o objetivo de se firmar um acordo de paz definitivo e se promover a desnuclearização e desmilitarização da região.

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    Ainda nesta quinta-feira, a Coreia do Norte destruiu túneis usados para testes nucleares, como parte das medidas para reduzir a tensão na península coreana e para permitir o encontro entre Kim e Trump, agora cancelado.

    A decisão de Trump deixou o governo da Coreia do Sul disparatado. Nós estamos tentando entender precisamente o que o presidente Trump quis dizer”, afirmou o porta-voz do governo de Seul, Kim Eui-kyeom.

    (Com AFP)

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