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Trump ataca imigrantes, mas nega extremismo: ‘Tomei um tiro pela democracia’

Em Michigan, candidato republicano à Casa Branca faz primeiro comício após atentado na Pensilvânia

Por Ramiro Brites Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 jul 2024, 23h27 - Publicado em 20 jul 2024, 23h06

No primeiro comício após a tentativa de assassinato na Pensilvânia, o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, discursou por quase duas horas em Grand Rapids, no estado do Michigan. O ex-presidente recordou, logo no início da sua fala, do ataque a tiros que sofreu na semana passada, ridicularizou o adversário Joe Biden e a situação do Partido Democrata — que estuda trocar seu candidato para as eleições de 5 de novembro –, defendeu medidas protecionistas na economia, atacou imigrantes e enalteceu pautas conservadoras, mas negou ser um extremista.

“Foi exatamente há uma semana, quase nessa hora, quase nesse minuto”. Essas foram as palavras que Donald Trump, com um curativo na orelha, usou para abrir seu discurso neste sábado. Em um palanque na Pensilvânia, o ex-presidente foi atacado por Thomas Crooks, de 20 anos, que atirou de um telhado a cerca de 120 metros do ex-presidente. O jovem disparou oito vezes, acertou um tiro de raspão na orelha de Trump, matou um homem, feriu gravemente duas pessoas e foi morto por atiradores do Serviço Secreto dos Estados Unidos.

“Eu estou aqui diante de vocês pela graça de Deus”, disse Trump. “Talvez o J.D. (Vance) estivesse aqui, mas eu não. Eu não deveria estar aqui”, completou o republicano na primeira referência ao candidato a vice na sua chapa. Vance aceitou oficialmente a indicação republicana para ser vice de Trump na quarta-feira, 17.

Ele é um senador de 39 anos, eleito pelo estado de Ohio. Foi fuzileiro da Marinha e é autor do best-seller Era uma vez um sonho, que retrata a degradação da sociedade e da economia (essencialmente rural) dos estados de Kentucky e Ohio, onde Vance nasceu e cresceu.

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Críticas a Biden

No palanque em Michigan, o ex-presidente não poupou Joe Biden, a quem chamou repetidamente de “trapaceiro”, por uma acusação sem provas de fraude eleitoral. Em indiretas, Trump alfinetou as gafes que o atual presidente americano tem cometido em discursos recentes. Disse que “Biden não tem uma memória boa”, falou que faltava QI ao candidato à reeleição, e ironizou as pressões internas no Partido Democrata para substituir Biden na corrida eleitoral após o atual chefe da Casa Branca ter sido escolhido nas eleições primárias.

“Eles tem um problema porque ninguém sabe se o candidato deles fica [até o fim da disputa], mas veremos. Vão resolver isso. É interessante: eles pediam votos para ele e agora querem tirá-lo dali”, afirmou Trump. “Como vocês podem ver, o Partido Democrata não é o partido da democracia”, cutucou o republicano.

Para provocar os adversários e ilustrar a dissidência no outro lado da disputa, Trump fez uma enquete com a sua plateia. Ele perguntou se preferiam ganhar as eleições contra a atual vice-presidente, Kamala Harris, ou contra Joe Biden, que recebeu uma sonora vaia dos trumpistas. Segundo imprensa norte-americana, nos bastidores, a campanha republicana prepara conteúdos de campanha para atacar Kamala Harris, em vez de Biden. A estratégia visa expor ainda mais a fissura aberta entre os democratas para definir quem irá disputar as eleições.

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Protecionismo econômico

Além de citar um grande corte de impostos para fazer mais dinheiro circular nos Estados Unidos, Trump defendeu uma política econômica protecionista. Ele condenou fábricas de veículos construídas no México, próximas às fronteiras nos Estados Unidos, por montadoras da China. Ele afirmou que, caso os carros chineses queiram entrar em território norte-americano, serão taxados em 200%.

Ainda sobre a indústria automobilística, Trump prometeu dobrar ou triplicar a produção de veículos, sem explicar como faria a medida. Ele deixou claro, porém, que a expansão das montadoras não será totalmente ancorada na eletrificação da frota. Neste momento, foi a primeira referência que fez ao empresário Elon Musk, dono da Tesla, marca de carros elétricos. “Eu amo o Elon Musk, vocês o amam e eu o amo também. E estou sempre falando de carros elétricos”, disse o republicano. “Você não pode ter 100% do mercado de carros elétricos”, seguiu. Trump, inclusive, disse que iria acabar com a “política verde” de Biden.

O candidato republicano ainda afirmou que “nenhum centavo” será tirado da previdência social e da assistência à saúde. Ele também prometeu que a idade de aposentadoria não será aumentada em “nenhum um dia”. Segundo Trump, a pressão contra essas políticas é culpa da imigração. “Todos esses imigrantes estão chegando e querem entrar no nosso sistema de saúde e na previdência social. Eles querem destruir esse sistema e isso não vai acontecer”.

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Política anti-imigração

Os imigrantes foram novamente um dos alvos preferenciais da ira do ex-presidente americano. Ele disse que a “invasão terrível” que ocorre nas fronteiras está “destruindo o país” e prometeu promover a maior política de deportação de imigrantes ilegais da história.

Sem mencionar as fontes, Trump afirmou que a violência na Venezuela reduziu 70% porque os criminosos venezuelanos se mudaram para os Estados Unidos. “Esses imigrantes chegam aqui e fazem os nossos membros de gangue parecerem pessoas maravilhosas. Nós vamos devolver a lei e a ordem às nossas ruas e o patriotismo às escolas”.

“Tomei um tiro pela democracia”

Apesar do jogo duro contra imigrantes, Trump afirmou que não é extremista. Segundo ele, esta é uma pecha que “os outros lados” tentam colar nele. O ex-presidente, pelo contrário, se considera uma pessoa de “muito bom senso”.

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Trump afirmou que pessoas da direita radical dizem que ele está envolvido no Projeto 2025, uma agenda de extrema direita baseada na volta de Trump à Casa Branca. O ex-presidente, no entanto, diz que desconhece o projeto.

“Falaram: Ele está envolvido no Projeto 2025, e é meio extremo. Eu não sei nada a respeito, eu não quero saber nada a respeito. O que eles fazem é trazer desinformação para dizer que eu estou estragando a democracia”, afirmou. “Bom, na semana passada, eu tomei um tiro pela democracia. O que eu estou fazendo contra a democracia?”, questionou.

Em mais uma oportunidade para atacar seu adversário, Trump disse que a “ameaça à democracia” são as “pessoas incompetentes” que lideram o país. “Os inimigos dos Estados Unidos vão ter medo da gente porque teremos o respeito que a gente merece”, afirmou o ex-presidente, que logo depois mencionou o líder conservador e presidente da Turquia, Viktor Orbán, que teria pedido o retorno de Trump à Casa Branca.

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Pauta conservadora

Para encerrar o discurso sob o entusiasmo da plateia, Biden impôs a voz para prometer uma série de medidas a favor de uma agenda conservadora nos costumes. Ele disse que vai se opor a “qualquer ataque à segunda emenda [da Constituição]”, que protege o direito de legítima defesa e de porte de armas aos cidadãos americanos.

Trump afirmou também que irá “garantir a liberdade de discurso” e promoverá mudanças nos esportes e na educação, inclusive, cortando o financiamento de escolas que obriguem a vacinação e o uso de máscaras entre os alunos.

“No primeiro dia, eu vou assinar um decreto presidencial para que qualquer escola não use essa teoria de raça, teoria de gênero e tirar qualquer conteúdo sexual de gênero que seja ensinado às nossas crianças. E não vou dar um centavo a qualquer escola que obrigue a vacina, ou que obrigue a usar máscara. Eu vou manter os homens, desde o primeiro dia, fora dos esportes femininos”.

O Michigan, palco do longo discurso de Trump neste sábado, é considerado um “estado pendular”. O termo é usado para se referir a uma república federativa em que nenhum dos candidatos ou partidos possui a maioria absoluta das intenções de votos. Em 2020, foi em Michigan que Joe Biden conquistou a vitória nas eleições e garantiu sua ida à Casa Branca.

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