Dias antes da procuradora-geral do estado de Nova York, nos Estados Unidos, entrar com uma ação acusando o ex-presidente Donald Trump e sua empresa de fraude, os advogados de Trump criaram uma nova empresa em Delaware.
O nome da nova empresa é Trump Organization II – quase o mesmo nome da antiga, agora ameaçada pelo processo. Nesta quinta-feira, 13, a procuradora-geral Letitia James disse que o ex-presidente estava tentando contornar algumas das punições potenciais mais severas de seu processo, embora os advogados de Trump tenham dito que a abertura da empresa não tem relação com o caso.
Os advogados ressaltaram que, como a nova empresa foi criada antes que o processo fosse aberto, eles não tinham como saber as consequências específicas que a procuradora-geral busca. Letitia James, no entanto, segue preocupada com os motivos da empresa e pediu, também nesta quinta, a intervenção de um juiz para proibir a Trump Organization original de transferir seus ativos sem a aprovação do tribunal.
“Desde que entramos com esse processo abrangente no mês passado, Donald Trump e a Trump Organization continuaram essas mesmas práticas fraudulentas e tomaram medidas para fugir à responsabilidade”, disse James em comunicado. “Hoje, estamos buscando uma parada imediata nessas ações porque Trump não deve jogar com regras diferentes.”
A procuradoria-geral do estado de Nova York acusou Trump de mentir para seus credores e seguradoras ao supervalorizar seus ativos em bilhões de dólares.
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Alina Habba, advogada do ex-presidente e de sua empresa, disse em comunicado que James estava “simplesmente fazendo mais uma acrobacia”.
“Temos garantido repetidamente, por escrito, que a Trump Organization não tem intenção de fazer nada impróprio”, disse ela. O ex-presidente negou todas as irregularidades da empresa e acusou James, uma democrata, de realizar uma caça às bruxas partidária contra ele.
James já pediu para um juiz restringir a capacidade de Trump fazer negócios em Nova York, e está tentando impedir tanto ele quanto sua empresa de adquirirem imóveis comerciais no estado por cinco anos, bem como proibi-lo e três de seus filhos de administrar empresas no estado.
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Ela ainda não tentou dissolver a Trump Organization, mas seu processo indica que quer fechar pelo menos uma parte das operações do ex-presidente em Nova York, incluindo sua principal propriedade comercial na 40 Wall Street, em Lower Manhattan. James também demandou que a empresa devolva US$ 250 milhões, quantia que ela diz ter vindo de fraude. A procuradora teme que, se a empresa conseguir transferir seus ativos para fora do estado, poderá evitar esses pagamentos.
O processo, citando “conduta fraudulenta e enganosa substancial, persistente e repetida”, centra-se nas demonstrações financeiras anuais de Trump, registros que incluem o valor estimado de suas participações e dívidas da Trump Organization. A empresa forneceu as declarações, que inflaram o valor de quase todos as suas propriedades de destaque para obter condições financeiras benéficas”, incluindo taxas de juros e prêmios mais baixos.