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Tropas turcas já mataram 109 milicianos curdos na Síria, diz governo

Segundo organização humanitária, ao menos sete civis também morreram e pelo menos 19 ficaram feridos; dezenas de milhares deixaram suas casas

Por Da Redação
Atualizado em 10 out 2019, 09h45 - Publicado em 10 out 2019, 09h39

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta quinta-feira, 10, que pelo menos 109 integrantes das forças curdas foram mortos até o momento devido à invasão no noroeste da Síria, que teve início nesta quarta-feira 9. Segundo uma organização humanitária, ao menos sete civis também morreram durante as operações, e pelo menos outros 19 ficaram feridos.

As forças de Ancara bombardeiam posições curdas e tanques realizaram incursões por terra. Não há uma estimativa exata do número de pessoas deslocadas pelo conflito, mas fontes curdas estimam que dezenas de milhares deixaram suas casas na região da fronteira para fugir da violência.

Erdogan afirmou que desde o começo da operação as tropas turcas mataram 109 “terroristas” e feriram e prenderam vários membros das Unidades de Proteção do Povo (YPG), a milícia curda que foi aliada dos Estados Unidos na luta contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), mas que é considerada terrorista pela Turquia.

Segundo a organização humanitária sem fins lucrativos Crescente Vermelho Curdo, ao menos sete civis morreram, entre eles duas crianças. Além disso, 19 pessoas estão gravemente feridas.

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A entrada dos turcos na Síria tem como objetivo criar uma “zona de segurança” e afastar os curdos da fronteira. Eles são criticados por sua ligação com grupos políticos, entre eles o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que está envolvido em um violento conflito na Turquia, que desde 1978 deixou mais de 40.000 mortos.

Erdogan diz que pretende usar a área conquistada para assentar milhões de refugiados sírios que hoje vivem na Turquia. As forças turcas fizeram os primeiros ataques ainda na madrugada de quarta, bombardeando as cidades de Tel Abyad e Ras al-Ayn. Os curdos responderam com morteiros lançados contra cidades turcas, mas sem deixar vítimas.

Agências de ajuda humanitárias afirmam que a consequência mais provável é uma nova crise de refugiados. Outra preocupação é o destino de milhares de jihadistas do Estado Islâmico que estão em campos de detenção mantidos pelos curdos, fundamentais na derrota do califado islâmico. É provável que os combatentes consigam escapar e se reagrupar em outro local.

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O plano da ofensiva de Recep Erdogan é uma promessa de longa data. O que o impedia era a presença militar dos Estados Unidos na região, que atuava em parceria com as milícias turcas. Porém, na segunda-feira 7, o presidente americano, Donald Trump, anunciou, após um conversa por telefone com Erdogan, que estava retirando suas tropas do nordeste da Síria.

O YPG reagiu ao anuncio da debandada americana dizendo ter recebido “uma facada nas costas”.

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Nesta quarta, Trump se limitou a dizer que a operação militar turca era “uma péssima ideia”. “A Turquia prometeu proteger civis, minorias religiosas, incluindo cristãos, e garantiu que não haverá uma nova crise humanitária. Eu pretendo cobrar esta promessa”, disse o presidente. Em seguida, ele chegou a criticar os curdos. “Eles não nos ajudaram na 2.ª Guerra, não nos ajudaram na Normandia.”

A decisão de Trump de abrir caminho para a ofensiva turca causou indignação no Congresso – de governistas e opositores. Nesta quarta, o senador republicano Lindsey Graham anunciou um entendimento com seu colega democrata Chris Van Hollen para aprovar sanções contra a Turquia assim que os congressistas voltarem do recesso, na semana que vem.

As sanções incluem restrições de viagem aos Estados Unidos de autoridades turcas, congelamento de ativos – incluindo de Erdogan -, e punições contra o setor de energia e Forças Armadas. “Rezem pelos nossos aliados curdos, que foram vergonhosamente abandonados pelo governo Trump. Essa decisão assegura o ressurgimento do Estado Islâmico”, escreveu Graham no Twitter.

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“Impossível entender por que Trump deixa nossos aliados serem massacrados e permite o retorno do EI”, tuitou a senadora Liz Cheney, aliada do presidente. “Hoje estamos testemunhando as consequências de uma decisão terrível”, disse Susan Collins, também senadora republicana.

Refugiados

Também nesta quinta, Recep Erdogan ameaçou “abrir as portas” e enviar milhões de refugiados para países da União Europeia (UE) caso o bloco critique a ofensiva turca e classifique o ataque como “invasão”.

“União Europeia, refaça o julgamento. Se definir a nossa operação como uma invasão, o nosso trabalho é fácil. Abrimos as portas e enviamos 3,6 milhões de refugiados a vocês”, alertou o político islâmico durante discurso em Ancara.

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Erdogan acusou a UE de mentir e de não ter mantido a promessa de proporcionar ajuda econômica à Turquia. A reclamação se refere ao acordo fechado em 2016 pelo qual o governo turco aceitava controlar o fluxo de refugiados para a Europa em troca de suporte financeiro para atender os imigrantes no seu território.

O governante também denunciou que a União Europeia está há 40 anos dizendo que a Turquia poderá entrar no bloco.

Erdogan pediu aos integrantes da Otan, da qual a Turquia faz parte, e especialmente aos Estados Unidos, que apoiem o país na operação militar no norte da Síria. “Não aceitamos que optem por uma organização terrorista antes da Turquia”, criticou.

(Com EFE e Estadão Conteúdo)

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