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Tropas da Rússia desembarcam no Cazaquistão para conter revolta popular

Chegada de militares é parte de missão de 'manutenção da paz' solicitada por presidente; Desde início das manifestações, mais de mil pessoas ficaram feridas

Por Da Redação Atualizado em 6 jan 2022, 13h38 - Publicado em 6 jan 2022, 13h16
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  • Tropas russas desembarcaram no Cazaquistão nesta quinta-feira, 6, como parte uma missão de “manutenção da paz” da aliança militar liderada por Moscou para ajudar o presidente cazaque a retomar controle do país, em meio ao avanço de protestos contra o governo, de acordo com agências de notícias russas.

    O pedido foi feito na quarta-feira pelo presidente Kassym-Jomart Tokayev ao presidente russo, Vladimir Putin. Em discurso televisionado, ele recorreu à Organização do Tratado de Segurança Coletiva, aliança que conta com Rússia, Armênia, Belarus, Quirguistão e Tajiquistão.

    Durante pedido de ajuda ao bloco, Tokayev afirmou que as manifestações são parte de ações de “terroristas” e que o país tem sido vítima de “ataques” de gangues treinadas no exterior após o aumento no preço de combustíveis provocar os maiores protestos em décadas.

    As manifestações públicas de insatisfação contra o aumento do preço dos combustíveis eclodiram durante o fim de semana na cidade de Zhanaozen, na região oeste do país, área de forte exploração de petróleo, e desde então, as demonstrações se espalharam por várias cidades, incluindo a capital, Nursultan. Segundo o Ministério da Saúde, mais de mil pessoas ficaram feridas desde o início dos protestos, e 400 foram levadas para hospitais. Dessas, 62 estão em estado grave.

    Manifestantes em Almaty, Cazaquistão. 04/01/2022
    Manifestantes em Almaty, Cazaquistão. 04/01/2022 (Ruslan Pryanikov/AFP)
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    Ainda não é claro quantos soldados foram enviados pela aliança ou quanto tempo eles irão ficar no país. Segundo o parlamentar russo Leonid Kalashnikov, que supervisiona um comitê de integração entre países da Europa e Ásia, os militares “ficarão pelo tempo que o presidente do Cazaquistão julgar necessário”.

    Segundo ele, as tropas terão principalmente a função de proteger “infraestruturas” do país.

    Em meio à movimentação russa, a União Europeia afirmou que Moscou deve respeitar a soberania e independência do Cazaquistão. A Comissão Europeia, braço executivo do bloco, também pediu calma de todos os lados.

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    “A violência deve ser parada. Precisamos nos abster e achar uma solução pacífica para a situação. Agora, obviamente, a UE está pronta e disposta a apoiar um diálogo no país”, disse um porta-voz do bloco.

    Novos protestos

    A chegada das tropas russas acontece em meio à continuidade de confrontos entre manifestantes e forças da segurança do Cazaquistão. Dezenas de manifestantes morreram após ataques a prédios do governo e ao menos uma dúzia de policiais morreu, incluindo um que foi encontrado decapitado, afirmaram autoridades nesta quinta-feira, 6.

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    Portão de prédio do governo após incêndio em Almaty, Cazaquistão. 06/01/2022 (Alexander Bogdanov/AFP)
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    Houve tentativas de invasão a prédios durante a noite na maior cidade do país, Almaty, e “dezenas de agressores foram eliminados”, disse a porta-voz da polícia Saltanat Azirbek, ao canal de notícias estatal Khabar-24. Segundo a porta-voz, cerca de 350 agentes da segurança ficaram feridos.

    De acordo com a agência de notícias Interfax-Kazakhstan, mais de cem manifestantes invadiram na quarta-feira a sede da prefeitura de Almaty e  chamas e uma densa fumaça podem ser vistas das janelas do segundo andar do edifício, enquanto os manifestantes o cercam e gritam palavras de ordem como “Avante, Cazaquistão”.

    Armados com bastões, os manifestantes forçaram os policiais que faziam a segurança do prédio a recuar para ruas próximas e tiraram de vários deles escudos e coletes à prova de balas. Parte da sede do Ministério Público também foi incendiada, assim como 30 veículos que estavam próximos, incluindo viaturas policiais.

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    Na cidade de Aktobe, no oeste do país euroasiático, manifestantes também conseguiram invadir a sede da prefeitura, que foi sitiada por mais de mil pessoas, segundo a imprensa cazaque.

    Já em Kostanai, no norte, dezenas de pessoas se reuniram fora da sede da administração municipal, mas a polícia conseguiu evitar uma invasão. Em Petropavl, também no norte, policiais dispersaram cerca de 50 manifestantes que também foram para a sede da prefeitura local.

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