Tribunal francês absolve Air France e Airbus em acidente do voo Rio-Paris
O desfecho do julgamento público, que começou 13 anos após a queda do avião, irritou parentes das 228 pessoas que morreram

A Justiça francesa absolveu nesta segunda-feira, 17, a fabricante europeia de aviões Airbus e a linha aérea Air France das acusações de homicídio culposo – quando não há intenção de matar –, em relação à queda do voo 447, do Rio de Janeiro em direção a Paris, em 2009.
O acidente deixou 228 mortos, todos os passageiros a bordo. Ambas as empresas declararam inocência quando o julgamento público teve início em outubro do ano passado, na primeira vez em que um tribunal francês julgou esse tipo de delito.
Em uma busca de mais de dois anos pelas caixas pretas da aeronave A330, os investigadores concluíram que os pilotos responderam de maneira incorreta a um problema envolvendo sensores de velocidades congelados e entraram em queda livre sem responder aos alertas.
Declarações prévias sobre problemas com os medidores de velocidade e suas leituras também geraram discussões sobre o grau de responsabilidade das empresas. De acordo com a acusação, a Airbus é suspeita de reagir muito lentamente ao crescente número de problemas com esses equipamentos.
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Apesar de constatar negligência das empresas, a juíza parisiense Sylvie Daunis afirmou que não foi possível atrelar uma relação desses problemas com o pior acidente aéreo francês.
“Um provável nexo causal não é suficiente para caracterizar um delito”, disse Daunis ao declarar o veredicto.
Antes mesmo da deliberação final, promotores constataram que as informações apresentadas eram insuficientes para estabelecer a culpa. Caso condenadas, a Air France e a Airbus teriam que pagar uma multa corporativa de até 225.000 euros (cerca de R$ 1,215 milhão).
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Segundo a agência Reuters, os familiares receberam a notícia em silêncio, apesar do julgamento acalorado que durou nove semanas ainda em 2022. Na época, parentes das vítimas protestaram na corte quando a presidente-executiva da Air France, Anne Rigail, e o então diretor-executivo da Airbus, Guillaume Faury, declararam as suas condolências.
“Nossos desaparecidos morreram pela segunda vez. Sinto-me mal”, disse Claire Durousseau, que perdeu a sobrinha na queda, em entrevista à Reuters.
Depois da queda fatal há quase 14 anos, uma série de mudanças técnicas e de treinamento foram implementadas para evitar acidentes futuros.