A China realizou um teste de ataques com mísseis contra Taiwan nesta sexta-feira, 24, em seu segundo dia de exercícios militares ao redor da ilha. Segundo o exército chinês, os treinamentos testam suas capacidades para “tomar o poder” no território vizinho, que consideram parte de seu país, e punir “atos separatistas”.
O novo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, que foi empossado nesta segunda-feira, 20, é considerado um “separatista perigoso” pela China. Em seu discurso de posse, Lai prometeu defender a soberania da ilha, o que Pequim classificou como “séria provocação”.
Em resposta ao discurso de Lai, o Exército Popular de Libertação (PLA) anunciou na quinta-feira 23 o início de exercícios militares com o objetivo de anexar Taiwan. O treinamento tem como alvo cinco áreas no mar próximas à principal ilha de Taiwan, chamada Formosa, além de outras ilhotas taiwaneses mais próximas à China continental.
O presidente chinês, Xi Jinping, não descartou o uso de força para tomar a ilha e, segundo a inteligência ocidental, ordenou que o exército esteja preparado para uma invasão até 2027. Os exercícios envolvem a força aérea chinesa, a marinha, a força de foguetes, o exército e a guarda costeira.
Segundo a emissora estatal chinesa CCTV, o PLA praticou lançamentos de mísseis e treinou com jatos carregados com munição real e navios bombardeiros contra alvos taiwaneses. A mídia oficial do estado da China afirmou que exercícios eram “legítimos, oportunos e totalmente necessários, já que os atos de independência de Taiwan não podem ser tolerados de nenhuma forma”.
“As forças de independência de Taiwan serão deixadas com a cabeça quebrada e o sangue fluindo depois de colidir com a grande tendência da China de alcançar a unificação completa”, disse Wang Wenbin, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país.
O que diz Taiwan
O Ministério da Defesa de Taiwan acusou Pequim de “provocação irracional e interrupção da paz e estabilidade regionais” e afirmou que detectou 15 navios de guerra do PLA ao redor de seu território, bem como 16 navios da polícia naval e 49 aviões de guerra, dos quais 35 ultrapassaram a linha que marca uma fronteira não oficial entre a China e Taiwan.
“Não buscamos conflitos, mas não nos esquivaremos de um. Temos a confiança para proteger nossa segurança nacional”, disse o ministério.
Em resposta, Taiwan enviou embarcações da marinha para monitorar o PLA e colocou sistemas de mísseis antinavios em suas áreas costeiras. O ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Lin Chia-lung, afirmou que a ilha não cederia nenhum direito diante dos exercícios, “porque isso diz respeito ao desenvolvimento da democracia em Taiwan”.
Resposta internacional
Em resposta aos exercícios militares chineses, representantes do Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul e Austrália pediram calma. A ministra das Relações Exteriores da Austrália, Penny Wong, alertou que “o risco de um acidente e potencial escalada (das tensões) está crescendo”.
A União Europeia também se pronunciou, afirmando que possui “um interesse direto na preservação do status quo no estreito de Taiwan”, referindo-se à autonomia da ilha sem a declaração formal de independência, e se opõe a “quaisquer ações unilaterais que alterem o status quo por força ou coerção”.