Em uma região inóspita do norte do Iraque, onde não havia nenhuma duna, árvore nem construção que pudessem impedir a visão do horizonte em todas as direções, homens armados suportavam dias de vento, frio e chuva em trincheiras lamacentas enquanto observavam a distância os movimentos uns dos outros. De repente, numa segunda-feira à tarde de dezembro, dois carros-bomba conduzidos por terroristas do Estado Islâmico (EI) entraram em cena a toda a velocidade. Os veículos foram destruídos antes de alcançar as trincheiras onde combatentes de uma milícia xiita, as Forças de Mobilização Popular (FMP), estavam abrigados. Em meio ao estrondo e aos traços vermelhos dos projéteis de metralhadoras antiaéreas, distinguia-se a voz estridente do clérigo xiita Sher Karim al Khagani gritando furioso para um soldado que se recusava a avançar até outra trincheira, dezenas de metros à frente. Alguns tentavam se proteger, ficando de bruços sobre os restos de lixo queimado. Logo surgiram três terroristas que haviam atravessado o deserto a pé com rifles Kalashnikov e explosivos amarrados ao corpo. Dois foram mortos a menos de 20 metros de uma barraca ocupada por soldados das FMP. O terceiro se explodiu enquanto tentava escalar a trincheira onde Al Khagani dava as ordens. Pedaços do seu corpo caíram sobre os combatentes. Metade do tórax e um braço ficaram no chão.
O combate foi testemunhado por VEJA, que acompanhou, por cinco dias em dezembro, uma brigada xiita das FMP iraquianas. A brigada saiu de Qayyarah, ao sul de Mossul, em direção noroeste, para fechar o cerco aos terroristas do EI. Nesse período, a reportagem viajou pelo deserto e compartilhou abrigos precários, parcas refeições e trincheiras na lama com os combatentes xiitas, enquanto enfrentavam os temidos militantes do EI com disparos de bazucas, metralhadoras antiaéreas e fuzis. Na cena acima, a milícia foi atacada em Tal Kazaf pelos carros-bomba vindos de Tal Zalat, ambos pequenos povoados a cerca de 20 quilômetros de Mossul.
https://www.youtube.com/watch?v=o96UulS59_Q
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