O Serviço de Alterações Climáticas Copernicus, órgão de monitoramento de clima da União Europeia, informou nesta quinta-feira, 5, que o planeta teve o mês de setembro mais quente já registrado, ultrapassando o recorde anterior por uma enorme margem. Após 2023 também contar com o julho e agosto com as temperaturas mais altas da série histórica, cientistas preveem que este ano pode ser o mais quente de todos.
O mês passado teve temperaturas globais 0,93 ºC mais elevadas do que a média para setembro entre 1991-2020, além de ser 0,5 ºC mais quente do que o recorde anterior, estabelecido em 2020. Especialistas afirmam que as emissões contínuas de gases do efeito estufa, além do fenômeno climático El Niño, estão por trás do calor sem precedentes.
Segundo o Copernicus, 2023 está “no caminho certo” para ser o ano mais quente da história. O recorde de setembro ocorre após verão mais quente já registado no Hemisfério Norte e, até o mês passado, as temperaturas superaram as de 2016, atual dono do pódio, por 0,5 ºC.
“Este mês foi, na minha opinião profissional como cientista do clima, absolutamente absurdo”, escreveu Zeke Hausfather, um pesquisador experiente, no X, antigo Twitter.
Os dados também escancararam as diferenças do aquecimento em algumas partes do globo. Na Europa, por exemplo, o calor de setembro foi notável, superando a média do mês por 2,51 °C.
“As temperaturas sem precedentes para esta época do ano observadas em setembro bateram recordes de forma extraordinária”, disse Samantha Burgess, diretora adjunta do Copernicus.
O mês passado ficou cerca de 1,75 ºC acima das temperaturas do chamado período pré-industrial – o valor mais elevado para um único mês. O dado é preocupante, já que o Acordo de Paris, assinado por líderes mundiais em 2015, estabeleceu como meta manter o aquecimento global apenas 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais neste século.
Os números de setembro não constituem uma violação do acordo, já que a meta de Paris refere-se a décadas, não meses. E, com os dados disponíveis até agora, acredita-se que este ano ficará abaixo do limite de 1,5ºC. Mas, sem dúvida, denuncia uma trajetória preocupante.
Especialistas acreditam que a escala do aquecimento renova a pressão sobre os políticos, enquanto se preparam para a cúpula climática das Nações Unidas, a COP28, no final de novembro.
“A dois meses da COP28, o sentido de urgência para uma ação climática ambiciosa nunca foi tão importante”, disse Burgess.