Temperaturas recordes no Chile causam incêndios e deixam 23 mortos
Calor de 40ºC dificulta esforços para apagar o fogo. Mais de 1.500 pessoas precisaram fugir de suas casas e procurar abrigo

Com temperaturas recordes de mais de 40ºC, o Chile registrou dezenas de incêndios florestais nas últimas semanas, que já mataram 23 pessoas e destruíram cerca de 800 casas. A situação atual levou o país a declarar estado de emergência em três regiões centrais: Araucanía, Biobío e Ñuble. Os locais abrigam fazendas e grandes extensões de florestas, e até esta sexta-feira, 3, segundo os dados da Agência Florestal Nacional (Conaf), estima-se que 40 mil hectares haviam sido queimados pelos incêndios.
Segundo uma atualização feita neste domingo 5 pela Conaf, ao todo 67 pessoas ficaram feridas, enquanto quase 1,5 mil buscaram refúgio em abrigos. Além disso, o órgão estadual afirmou que 148 incêndios já foram apagados e 87 ainda estão sendo controlados.
A ministra do Interior do Chile, Carolina Tohá, disse que 76 novos incêndios foram registrados nesta sexta-feira e que as temperaturas recordes possibilitam que as chamas se espalhem mais facilmente. Ela acrescentou que a situação atual serviria de alerta sobre os efeitos da mudança climática.
“A evolução das alterações climáticas mostra-nos cada vez mais sua centralidade e capacidade de impacto, que temos de interiorizar muito mais”, disse a ministra. Ela completou que o Chile é um dos países “com maior vulnerabilidade às mudanças climáticas, e isso não é teoria, mas experiência prática”.
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Para ajudar o Chile a lidar com os incêndios, a Argentina vai enviar 64 bombeiros, um caminhão de bombeiros contra incêndios florestais e um helicóptero Chinook, de transporte militar, enquanto a Espanha enviou um avião com membros da unidade militar de emergência. Autoridades de outros países, como Estados Unidos, Equador, Brasil e Venezuela também ofereceram o envio de aviões e bombeiros.
Apesar da ajuda estar a caminho, as vítimas dos incêndios florestais não tiveram escolha e precisaram abandonar suas casas.
“Saí com o que estava vestindo”, disse a chilena Carolina Torres à agência de notícias Reuters, que fugiu de um incêndio que se aproximava perto da cidade de Purén, em Araucanía. “Acho que todos aqui fizeram a mesma coisa, porque os ventos mudaram e você só tinha que pegar tudo o que podia na hora”, acrescentou
O presidente do Chile, Gabriel Boric, interrompeu nesta sexta-feira as férias de verão e viajou para Biobío e Ñuble, prometendo garantir que as áreas afetadas recebam todo o apoio necessário. Boric também apontou para “sinais” de que alguns incêndios podem ter sido iniciados intencionalmente, mas não forneceu detalhes adicionais.