Suspeita de fraude faz OEA pedir novas eleições em Honduras
O atual presidente Juan Orlando Hernández venceu o adversário com 1,53% de diferença; desde as eleições, diversos protestos tomaram as ruas do país
A Organização dos Estados Americanos (OEA) propôs no último domingo a realização de novas eleições presidenciais em Honduras depois que o tribunal eleitoral do país oficializou a vitória do atual presidente Juan Orlando Hernández na votação de 26 de novembro. Segundo o secretário-geral da OEA, Luís Almagro, o processo eleitoral hondurenho não foi democrático.
Hernández, candidato do Partido Nacional (PN) de centro-direita, venceu por 42,95% dos votos contra 41,42% do adversário da Aliança de Oposição contra Ditadura e famoso apresentador de programa do país, Salvador Nasralla.
Inicialmente, o Tribunal Superior Eleitoral anunciou a liderança de Nasralla com metade dos votos apurados. Após 36 horas sem novos anúncios sobre a apuração, Hernández foi dado como vencedor com a pequena diferença de 1,53 ponto percentual.
O secretário-geral da OEA afirmou que o processo eleitoral apresentou irregularidades e deficiências que permitem classificá-lo como “de qualidade técnica muito baixa e carente de integridade”, e por isso propôs uma nova votação. “O único caminho possível para que o vencedor seja o povo de Honduras é uma nova convocação de eleições gerais”, disse.
Nasralla rejeitou a decisão do tribunal e disse que viajará a Washington para se reunir com Almagro e autoridades dos Estados Unidos “em busca de uma resposta internacional que ajude a encerrar a crise” política em Honduras. “Está claro que houve fraude antes, durante e depois das eleições. Sabemos que ganhamos estas eleições”, disse em um vídeo publicado em sua página de Facebook.
Mais cedo, o chefe da missão de observação eleitoral da OEA em Honduras, Jorge Tuto Quiroga, afirmou que não poderia confirmar uma manipulação intencional do resultado. “A missão não conseguiu confirmar que o Siede (sistema de apuração e divulgação eleitoral) foi manipulado com dolo, mas se pode afirmar que não contou com as robustas medidas de segurança necessárias para garantir sua integridade, e que por isso sua segurança foi violada”, afirmou.
Desde que foi divulgado o resultado das eleições diversos protestos se espalharam pelo país. De acordo com a Comissão Nacional de Direitos Humanos de Honduras, dezesseis pessoas morreram nos protestos, incluindo dois policiais, além de 1.600 que ficaram feridas.
(com Reuters)