O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, anunciou nesta quarta-feira, 22, que as próximas eleições gerais serão realizadas daqui a pouco mais de um mês, em 4 de julho. A decisão é arriscada, já que seu Partido Conservador aparece atrás da legenda de oposição, o Partido Trabalhador, nas últimas pesquisas de opinião.
Ao convocar as eleições, o premiê criticou o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, pela “falta de convicção”, e disse ser guiado “pelo que é certo, não pelo que é fácil”.
“O Partido Trabalhista não tem plano. Não há ação ousada. E, como resultado, o futuro só pode ser incerto para eles”, declarou Sunak, quase afogado pela chuva ao discursar diante do número 10 de Downing Street, sede do governo. “Keir Starmer mostrou repetidas vezes que escolherá o caminho mais fácil e fará qualquer coisa para obter o poder”, completou.
Fim de uma era?
Os trabalhistas, porém, tem sim um plano, como admitiram os conservadores na semana passada, quando veio à tona um documento de 20 páginas detalhando a agenda do partido de opositção. E todas as pesquisas sugerem que o povo não tem medo de Starmer – e que confiam mais nele do que em Sunak.
De acordo com o portal de notícias Politico, que faz uma média de pesquisas de opinião de confiança no Reino Unido, o Partido Trabalhista aparece com 44% das intenções de voto, contra 23% dos conservadores. Uma série de eleições locais neste ano e em 2023 também viram políticos do partido governista serem rechaçados, em prol de membros da oposição.
A derrota de seu Partido Conservador significaria o fim de um período de 14 anos da sigla no poder.
Impopularidade
O prazo final para a convocação do pleito era janeiro de 2025, e até recentemente o governo trabalhava com a possibilidade de fazer as eleições no meio do segundo semestre. Por isso, para alguns analistas, o gesto ousado do premiê pode ser uma tentativa de evitar maior desgaste antes da próxima ida às urnas. Alguns comentadores descreveram o ato como “uma aposta”. Em pesquisa recente da YouGov, Sunak tem um índice de avaliação negativa superior a 70%.
O Partido Conservador espera agora que as recentes melhorias na economia, como uma queda na inflação, e os avanços na implementação do controverso plano para deportar imigrantes em situação irregular para Ruanda, na África, ajudem a reverter a impopularidade.
“Assumi o cargo sobretudo para restaurar a estabilidade econômica, base de qualquer sucesso futuro. Quer se trate do aumento dos salários e de bons empregos, do investimento nos nossos serviços públicos ou da defesa do país”, disse Sunak.
O cronograma é apertado. Na próxima quinta-feira, 30 de maio, o Parlamento será dissolvido para as eleições do dia 4 de julho. Apenas cinco dias depois, o novo Parlamento eleito se reunirá para a escolha do presidente e a tomada de posse dos deputados. No dia 17 de julho, a casa legislativa será reaberta, com discurso do rei Charles III.
Hoje com 44 anos, o ex-ministro do Tesouro e das Finanças assumiu a liderança do governo há menos de dois anos. Desde então, tem lutado para defender sua agenda, e cada vez mais frustrado por enxergar que seus sucessos não vêm sendo comemorados.
“Nunca deixei e nunca deixarei o povo deste país enfrentar sozinho os dias mais sombrios”, disse Sunak a certa altura do discurso. O problema é que parece que os eleitores já cansaram da companhia do premiê e de seu partido. Ele tem apenas seis semanas para mudar isso.