Um tribunal do Sudão condenou 29 membros do Serviço Nacional de Inteligência à morte por enforcamento nesta segunda-feira, 30, devido ao assassinato de um professor detido em fevereiro durante os protestos que levaram à queda do ex-presidente Omar Bashir. Esta foi a primeira vez que a Justiça do país emitiu condenações à repressão às manifestações anteriores e posteriores à deposição de Bashir, ocorrida em abril.
Além dos 29 agentes, 13 réus receberam penas de prisão e outros quatro foram absolvidos no veredito, que pode enfrentar várias fases de apelação.
A morte por tortura do professor Ahmed Khair na cidade de Khashm Qirba, no leste do país, tornou-se questão presente nas 16 semanas de manifestações contra o governo de Bashir. A família de Khair disse que, inicialmente, autoridades de segurança afirmaram que ele morreu por envenenamento, mas dias depois uma investigação estatal revelou que ele falecera em decorrência de espancamento.
Centenas de pessoas se reuniram diante do tribunal de Omdurman, onde o veredito foi pronunciado nesta segunda-feira, algumas acenando com bandeiras da nação e segurando fotos de Khair.
Os protestos tiveram início em 2018, mas apenas neste ano se voltaram com o então presidente sudanês, que responde no Tribunal Penal Internacional pelo genocídio de 300.000 pessoas no Darfur. Em abril, o Exército o tirou do cargo, o prendeu e o submeteu a um processo judicial por corrupção. Mas as manifestações pressionaram os militares a iniciarem uma transição democrática.
Ao todo, 177 pessoas morreram durante os meses de manifestações. Grupos de direitos humanos, como a Anistia Internacional, dizem que o número de mortos pode chegar a 250.