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Soldado russo deserta para Ucrânia e revela no YouTube: ‘Não queria morrer por Putin’

Jovem de 24 anos conhecido como 'Silver' se juntou ao Exército em 2021, mas decidiu mudar de lado diante de crimes de guerra e execuções sumárias

Por Amanda Péchy Atualizado em 21 ago 2024, 16h56 - Publicado em 21 ago 2024, 14h15
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  • Um soldado de 24 anos desertou para a Ucrânia e explicou seus motivos numa entrevista publicada no YouTube na terça-feira, 20, pelo projeto “Eu Quero Viver”, iniciativa do governo ucraniano que recebe apelos de militares russos que desejam se render. Conhecido como “Silver”, o jovem de 24 anos compunha a unidade militar Storm, até que decidiu mudar de lado, devido a “crimes de guerra e execuções sumárias” cometidos pelas forças de Moscou. Desde o início de 2024, ele atuou como espião para a Legião Liberdade para a Rússia, um grupo de resistência formado por russos que desejam defender Kiev.

    Nascido na Sibéria, Silver se juntou ao Exército russo em 2021. Ele contou na entrevista que participou das batalhas na área de Avdiivka, no leste da Ucrânia, do lado russo da fronteira como operador de drones. Anteriormente, também foi estacionado na fronteira da China com a Rússia.

    “Eu queria servir no Exército, fiz um juramento para proteger minha pátria. Minha pátria está lá (na Rússia) e ninguém a atacou. Eu não queria servir pela Rússia durante a guerra e não queria morrer por Putin”, disse o jovem.

    Na terça-feira 20, a Inteligência de Defesa ucraniana afirmou em seu canal no aplicativo de mensagens Telegram que o jovem foi “motivado a cooperar com a Ucrânia pelos crimes de guerra sistemáticos e outros crimes do comando (russo), incluindo execuções sumárias, espancamentos e roubos”. Na entrevista no YouTube, Silver afirmou que viu alguns de seus colegas serem mortos por seu próprio comandante.

    Operação “Ocheret”

    A Legião Liberdade para a Rússia informou que o soldado escapou da unidade militar Storm por meio de uma operação que envolveu o grupo dissidente e o departamento de inteligência da Ucrânia, que foi chamada de “Ocheret”. Antes disso, ele já auxiliava a resistência fazendo espionagem e transmitindo segredos militares.

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    “Silver foi membro da resistência por vários meses e nos transmitiu informações operacionais importantes”, disse o grupo de resistência, citando como exemplos a localização de forças e equipamentos, planos militares e tarefas em setores específicos da linha de frente.

    Ao deixar sua unidade, o soldado ativou “dispositivos explosivos” no seu quartel-general. As bombas teriam ferido gravemente o comandante e vários oficiais superiores, momento em que foi capturado por câmeras escondidas, segundo a Legião Liberdade para a Rússia. O vídeo postado em seu canal no YouTube mostra vários homens em uniformes do Exército antes de uma grande explosão provocar um incêndio.

    “Durante a retirada, Silver plantou minas pelo caminho e seguiu pela rota acordada. O comando da Legião, junto com a equipe do projeto ‘Eu Quero Viver’, organizou a saída de Silver da linha de frente”, informou o grupo dissidente, que agora está oferecendo um curso básico de treinamento como recruta ao russo.

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    “Eu Quero Viver”

    O projeto ligado ao governo ucraniano é uma linha de emergência, atendida por dez operadores, que foi estabelecida após o Kremlin anunciar, em setembro de 2022, a mobilização de 300 mil civis com experiência militar para incrementar o Exército.

    Em maio, o capitão Andrii Yusov, representante da Inteligência de Defesa da Ucrânia, afirmou à agência de notícias Ukrinform que mais de 35 mil pessoas se inscreveram no “Eu Quero Viver”, sendo a maioria militares russos em atividade. Deles, quase 300 já se renderam oficialmente ao Exército ucraniano com a ajuda do projeto.

    “Recebemos mais de 35 mil inscrições para o projeto. A maioria são militares russos em atividade. Mas também há pessoas que podem acabar nas Forças Armadas russas e querem se proteger ou evitar participar da guerra e se tornarem criminosos de guerra”, afirmou Yusov.

    Todos os militares russos que cruzaram a linha de frente “estão seguros sob a proteção do estado da Ucrânia e do direito internacional”, acrescentou ele na época.

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