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Soldado israelense revela como Exército usou palestinos como ‘escudos humanos’

Prática foi apelidada de 'protocolo mosquito' pelas Forças de Defesa de Israel; Relatos englobam norte da Faixa de Gaza, Cidade de Gaza, Khan Younis e Rafah

Por Da Redação
24 out 2024, 14h32
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  • Um soldado israelense, sob condição de anonimato, detalhou à emissora americana CNN como palestinos têm sido usados como “escudos humanos” em operações das Forças de Defesa de Israel (FDI) na Faixa de Gaza. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira, 24, também com base em relatos de cinco supostas vítimas do “protocolo mosquito”, como a prática teria sido apelidada.

    Apenas na unidade do soldado em questão, dois palestinos, de 16 e 20 anos, foram mantidos para serem utilizados em reconhecimentos de zonas perigosas. Mas a prática, segundo ele, seria comum em todo o Exército de Israel. Em entrevista à CNN, o militar revelou um caso em que as vítimas foram enviadas a um prédio antes da entrada das tropas israelenses para caso houvesse “alguma armadilha”. Assim, elas explodiriam e “não nós”, disse ele.

    Os relatos englobam diferentes partes do território palestino, incluindo o norte da Faixa de Gaza, Cidade de Gaza, Khan Younis e Rafah. Antes do uso dos palestinos, a unidade seguia o procedimento padrão, que consiste em mandar um cachorro ou abrir um buraco na lateral com um projétil de tanque ou uma escavadeira blindada.

    Não é a primeira vez, contudo, que a prática é divulgada por um veículo de comunicação. Em agosto deste ano, o jornal israelense Haaretz denunciou o emprego de prisioneiros palestinos em operações em túneis e propriedades como forma de proteção. Na época, a reportagem indicou que os os civis eram escolhidos de maneira aleatória e eram obrigados a usar uniformes do Exército para se mesclarem nas unidades.

    O uso de “escudos humanos” foi explicitamente proibido em Convenções de Genebra no pós-Segunda Guerra Mundial, e o Tribunal Penal Internacional (TPI) considera crime de guerra “o assassinato ou tortura de pessoas como civis ou prisioneiros de guerra; ataques direcionados intencionalmente contra hospitais, monumentos históricos ou edifícios dedicados à religião, educação, arte, ciência ou propósitos de caridade”.

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    Por sua vez, a Suprema Corte de Israel vedou a prática em 2005. Em resposta à CNN, as FDI apontaram que suas diretrizes “proíbem estritamente o uso de civis detidos em Gaza para operações militares” e que os protocolos e as instruções “são rotineiramente esclarecidos aos soldados em campo durante o conflito”.

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    Início do ‘protocolo mosquito’

    Teria sido assim até a primavera deste ano, quando um oficial de Inteligência apareceu com os dois prisioneiros para serem empregados nas operações, alegando que mantinham ligações com o grupo palestino radical Hamas. A fonte da CNN teria protestado contra a ideia. Um dos comandantes, então, teria respondido: “É melhor que os palestinos explodam e não nossos soldados”.

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    Uma das vítimas, segundo a reportagem, foi capturada nos arredores de Rafah, no sul do enclave palestino. Mohammad Saad, de 20 anos, disse à CNN que foi levado em um jipe a um acampamento militar e permaneceu preso por 47 dias, tendo sido usado em missões de reconhecimento. Ele não era o único.

    “Eles nos vestiram com uniformes militares, colocaram uma câmera em nós e nos deram um cortador de metal”, contou Saad. “Eles nos pediam para fazer coisas como, ‘mova este carpete’, dizendo que estavam procurando por túneis. ‘Filme embaixo das escadas’, eles diziam. Se encontrassem algo, eles nos diziam para levar para fora. Por exemplo, eles nos pediam para remover pertences da casa, limpar aqui, mover o sofá, abrir a geladeira e abrir o armário.”

    Quando Saad se aproximou do tanque, disparos foram efetuados. Ele foi baleado nas costas, mas sobreviveu após ser levado para o Soroka Medical Center, em Israel. Duas semanas depois, mostrou as cicatrizes à equipe da CNN durante entrevista em Khan Younis.

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