Sobe para 131 o número de mortos por incêndios florestais no Chile
Fogo que tomou conta de diversas regiões chilenas é um dos mais devastadores do mundo; centenas de pessoas continuam desaparecidas
O número de mortes após quatro dias de incêndios florestais avassaladores no Chile chegou a 131 nesta terça-feira, 6. Embora temperaturas mais baixas tenham permitido que bombeiros extinguissem as chamas nas áreas centrais do país, dezenas de focos de fogo continuam ativos. Até agora, apenas 35 das vítimas foram identificadas e centenas de famílias vasculham escombros em busca dos mais de 300 desaparecidos.
O incêndio, que eclodiu na semana passada a partir de quatro pontos ao redor de Santiago, se espalhou por grande parte do território chileno, indo em direção a cidades costeiras como Valparaíso, um dos locais mais prejudicados pelo fogo. Com dezenas de vítimas e corpos gravemente queimados, o processo de identificação vai demorar mais tempo do que muitas famílias esperavam.
“Eles pegaram meu DNA, dos meus dois filhos, mas não disseram quanto tempo levaria”, disse o chileno Carlos Orellana, 67 anos, à agência de notícias Reuters, enquanto procurava por sua filha de 14 anos desaparecida.
Incêndio avassalador
Estima-se que este seja um dos incêndios mais devastadores e mortíferos do mundo nos últimos anos, comparado aos que ocorreram na Austrália em 2009 (179 mortes) e aos que provocaram devastação no Havaí em agosto de 2023 (mais de 110 mortes).
O presidente chileno, Gabriel Boric, visitou a região costeira de Valparaíso nesta terça e aproveitou para anunciar uma série de medidas para ajudar as famílias atingidas pelo fogo, incluindo a suspensão de alguns pagamentos de serviços públicos, doações de materiais de habitação e melhores licenças médicas. Para o chefe do executivo, seu país passa por uma “tragédia de grande magnitude”.
Nos últimos anos, de acordo com um estudo publicado em janeiro na prestigiada Nature, houve um aumento considerável nos incêndios florestais no Chile. O fenômeno está conectado ao aumento das temperaturas, secas mais intensas e ventos fortes, que se combinaram para criar condições perfeitas para queimadas destrutivas. Todos os componentes se relacionam às mudanças climáticas, que também intensificaram outros fenômenos naturais pelo mundo nos últimos anos.