Motoristas convocaram novos protestos nesta sexta-feira, 19, contra a imposição do limite de velocidade de 30 km/h na cidade de Bolonha, na Itália. A polarizante medida tem como objetivo “melhorar a segurança rodoviária, promover o transporte sustentável e aumentar a qualidade e usabilidade do ambiente e do espaço público”, de acordo com o site oficial do Território Turístico Bolonha-Modena. Até o momento, o limite era de 50 km/h.
“As vias afetadas pelo limite de 30 km/h são quase 70% das ruas da área urbana, excluindo algumas utilizadas exclusivamente por veículos motorizados com limite de 50 km/h”, explica o comunicado da prefeitura.
Ainda em julho de 2023, radares passaram a ser implementados nas ruas de Bolonha, como forma de transição experimental. A regra inédita para os italianos passou a ser obrigatória apenas neste ano. Em caso de desrespeito, está prevista uma multa de 29 euros (cerca de R$ 155) – que, se não for paga em até cinco dias, sobe para 42 euros (R$ 224).
Não é a primeira vez que os moradores reclamam das decisões do governo de Bolonha sobre o uso do espaço público. Em outubro, o prefeito Matteo Lepore proibiu visitas à “torre inclinada” da cidade, Garisenda. O monumento histórico, datado do Império Romano, está cada dia mais torto, para preocupação das autoridades. Em resposta, a Câmara Municipal limitou a circulação nos arredores dos edifícios, causando congestionamentos nas ruas, e iniciou um projeto de restauração, com previsão de conclusão para este ano.
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Oposição
Apenas o mau tempo poderá impedir as manifestações em frente à prefeitura nesta sexta-feira. Por lá, há 55% de chance de chuva. O céu também parece fechado para Lepore: seus opositores, de direita, planejam um referendo para bloquear a medida. Segundo Andrea Spettoli, organizador dos protestos, dezenas de pessoas alegam que o novo limite tem sido fonte de dor de cabeça para os habitantes da cidade, provocando atrasos no trabalho e no transporte de crianças para as escolas.
“Há muita raiva em Bolonha neste momento”, disse ele ao jornal britânico The Guardian. “A questão não é apenas ser multado – esta lei está mudando vidas completamente.”
“Um trabalhador me disse que não tem mais tempo de voltar para casa para almoçar, então tem que se contentar com um sanduíche”, acrescentou.
Há quem alerte ainda que a preocupação com os radares pode tirar o foco de quem está no volante, aumentando a propensão a acidentes. Em contrapartida, defensores da medida argumentam que, mesmo que seu sucesso leve tempo, já que depende da adaptação dos motoristas, é um preço baixo por “maior segurança, menos trânsito, menos ruído e poluição”, como defende o grupo Bologna30.
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Tendência na Europa
Embora Bolonha seja a primeira cidade italiana a aderir à restrição, outras cidades europeias já implementaram medidas semelhantes, como Bruxelas, Paris e Graz, na Áustria, que aderiu à iniciativa ainda em 1992. Mais de metade das estradas em Londres demandam que seus motoristas andem a 32 km/h.
O prefeito Lepore, apoiado por vereadores, defende que as poucas multas aplicadas até agora (sete no total) mostram que a população é capaz de se adaptar à nova realidade. As penalidade entram em vigor a 36 km/h.
“Iremos avançar [com a redução do limite de velocidade] porque estamos convencidos de que em breve veremos resultados concretos em termos de segurança rodoviária”, declarou.