Sob crítica dos EUA, Israel intensifica bombardeios na superpovoada Rafah
Ao menos 11 pessoas foram mortas, segundo agência de notícias Reuters; Rafah abriga mais de um milhão de palestinos, maioria composta por deslocados
Israel bombardeou nesta quinta-feira, 8, a superpovoada cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, onde se encontram milhares de deslocados de Gaza, que fugiram da violência entre as forças de Tel Aviv e o grupo palestino radical Hamas. Na véspera, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou uma proposta de cessar-fogo em que os militantes demandavam a soltura dos combatentes capturados desde o início da guerra, em 7 de outubro. Ele prometeu continuar a luta no enclave palestino até a vitória, que, segundo o premiê, estaria próxima.
Moradores relatam ao menos 11 vítimas após duas casas serem destruídas. De acordo com uma reportagem da agência de notícias Reuters, moradores do bairro de Tel Al-Sultan choravam pela morte dos seus ente queridos em frente a cadáveres dispostos sob lençóis brancos, enquanto o corpo de uma criança era transportado em uma bolsa preta. Além de Rafah, Khan Younis e Deir-Al-Balah, no centro de Gaza, também foram atacados durante a noite, matando um jornalista de TV palestinino, Nafez Abdel-Jawwad, e o seu filho.
Estima-se que Rafah abrigue cerca de um milhão de pessoas em meio à emergência humanitária, com escassez de medicamentos e de alimentos. Por lá, grande parte dos recém-chegados mora em tendas improvisadas. Com a eclosão do conflito, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, decretou cerco total à Faixa de Gaza, cortando o fornecimento de energia elétrica, combustíveis e água à área.
Em meio à marca de quatro meses de embates, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, havia adiantado na quarta-feira que um ataque à cidade “aumentaria o que já é um pesadelo humanitário com consequências regionais incalculáveis”. Levantamentos da ONU calculam que quase 1,9 milhão de pessoas migraram internamente durante o conflito, especialmente em direção a Rafah, em uma tentativa de fugir dos bombardeios israelenses. Até o momento, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, registrou mais de 27 mil vítimas palestinas.
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Proposta do Hamas
Apesar da negativa de Netanyahu, as negociações do Hamas continuaram nesta quinta-feira, quando uma delegação do militantes, comandada por Khalil Al-Hayya, chegou ao Cairo, capital do Egito. O esforço diplomático também conta com a presença de autoridades do Catar, notório articulador entre os lados da guerra.
Em sua quinta viagem ao Oriente Médio desde 7 de outubro, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, manteve as esperanças e disse que ainda enxerga espaço para negociações de uma trégua. Ele aproveitou para destacar o alto número de civis mortos na Faixa de Gaza e reforçou que Israel, a quem a Casa Branca antes destinou apoio “sólido e inabalável”, deve tomar as devidas providência para proteger a vida dos palestinos, especialmente “no caso de Rafah, onde há algo entre 1,2 e 1,4 milhão de pessoas, muitas delas deslocadas de outras partes de Gaza”.