Senador americano John McCain morre aos 81 anos
Herói de guerra e crítico de Donald Trump, o senador republicano havia abandonado o tratamento contra um câncer no cérebro
O senador americano John McCain, um celebrado herói de guerra republicano, conhecido por sua capacidade de negociação em um país cada vez mais dividido, morreu aos 81 anos neste sábado, dia 25, depois de perder uma batalha contra o câncer, informou seu gabinete.
“O senador John Sidney McCain III morreu às 16h28 de 25 de agosto de 2018. O senador estava acompanhado da esposa, Cindy, e de sua família quando faleceu”, informou seu gabinete em um comunicado, que destacou que o senador “serviu lealmente aos Estados Unidos durante 60 anos”. McCain morreu um dia depois de sua família anunciar que ele tinha decidido suspender o tratamento contra o câncer, o qual o tinha afastado da política nos últimos meses.
“A doença e o envelhecimento inexoráveis deram seu veredicto. Com sua habitual determinação, ele decidiu pôr fim a seu tratamento médico”, escreveu a família McCain em um comunicado.
“John superou as expectativas para sua sobrevivência”, disse a família, acrescentando que a progressão da doença e os 81 anos de McCain o fizeram interromper o tratamento para um “glioblastoma agressivo”.
O senador foi diagnosticado com uma forma agressiva de câncer no cérebro e desde julho de 2017 realizava o tratamento. Ele deixou Washington para ficar com sua família no Arizona e se ausentou do Senado.
Mesmo após a descoberta, o senador continuou, por alguns meses, com as obrigações políticas que tinha e acompanhando o trabalho da sua equipe em Washington.
McCain era conhecido por dizer o que pensava, o que levou a uma rixa com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que se intensificou em 2015 quando o senador disse que a candidatura de Trump havia “estimulado os malucos”.
Trump retrucou dizendo que o senador não era “um herói de guerra” e citou os cinco anos e meio que McCain passou como prisioneiro do Vietnã do Norte, afirmando: “Eu gosto de pessoas que não foram capturadas”.
Em maio, uma reportagem do jornal The New York Times revelou que McCain deu instruções para as pessoas mais próximas a ele para que Trump não vá ao seu funeral e que, no lugar dele, esteja o vice-presidente Mike Pence. A informação não foi confirmada pela equipe do político.
McCain, um herói da guerra do Vietnã, era senador republicado pelo Estado do Arizona e disputou as primárias para uma indicação às eleições presidenciais em 2000, perdendo para George W. Bush.
Biografia
Nasce no dia 29 de agosto de 1936 John Sidney McCain III na zona rural do Canal do Panamá. Com pai comandante da Marinha e avô almirante, McCain segue seus passos na carreira militar. Gradua-se na Academia Naval de Annapolis e se torna piloto de caça.
Em 1967, um míssil terra-ar derruba sobre Hanói o A-4E Skyhawuk pilotado por McCain, que consegue se ejetar. É feito prisioneiro. Sofre fraturas nos dois braços e na perna direita. Os ferimentos não são bem tratados e o piloto – cujo pai se tornou comandante das forças conjuntas no Pacífico, inclusive no Vietnã – é espancado e torturado durante sua prisão. É libertado em 15 de março de 1979, com o fim da participação dos Estados Unidos na guerra.
Da vida militar, com fama de herói de guerra, ele parte para o campo político. Em 1982, McCain é eleito representante do Arizona no Congresso. Quatro anos depois é eleito ao Senado, onde foi reeleito cinco vezes e onde serve até o dia de sua morte. Seu mandato termina em janeiro de 2022.
Ele tenta chegar ao cargo de Presidente dos Estados Unidos, mas perde em 2000 nas primárias republicanas para o colega de partido George W. Bush. Em 2008, McCain é finalmente escolhido o candidato à Presidência pelos republicanos. Nas eleições, contudo, foi derrotado pelo democrata Barack Obama.
(Com AFP, EFE e Reuters)