Secretária do Tesouro dos EUA critica ações econômicas ‘injustas’ da China
Em viagem a Pequim, Janet Yellen diz que Washington quer competição saudável, não um cenário em que 'o vencedor leva tudo'
Em uma visita a Pequim, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse nesta sexta-feira, 7, que a China deveria fazer reformas de mercado e criticou a segunda maior economia do mundo por práticas “punitivas” contra empresas americanas por suas novas restrições à exportação de minerais críticos.
Yellen chegou à capital chinesa na quinta-feira 6, para tentar remendar as relações turbulentas sino-americanas, mas deixou claro que Washington e seus aliados ocidentais continuarão a revidar o que ela caracterizou como “práticas econômicas injustas” da China.
Na agenda do dia, a secretária do Tesouro conversou com membros da Câmara Americana de Comércio na China (AmCham), depois de uma bilateral com o ex-czar da economia chinesa Liu He, aliado próximo do presidente do país, Xi Jinping, e o chefe do banco central chinês, Yi Gang.
Ao primeiro-ministro chinês, Li Qiang, Yellen disse nesta sexta-feira que os Estados Unidos desejam estabelecer uma competição saudável com a China, com base em regras justas que beneficiem ambos os países. Segundo ela, não há interesse em uma abordagem de “vencedor leva tudo”.
A autoridade americana acrescentou que os dois rivais deveriam ter uma comunicação mais regular, e argumentou que quaisquer ações de Washington para proteger sua segurança nacional não devem comprometer “desnecessariamente” o relacionamento com a China.
Yellen garantiu que levantaria preocupações com Pequim sobre o uso de subsídios para empresas estatais e domésticas, barreiras de acesso ao mercado para empresas estrangeiras e suas recentes “ações punitivas” contra empresas americanas. As novas restrições de exportação de gálio e germânio, minerais críticos usados em tecnologias como chips de computador, também estão na ordem do dia.
A secretária do Tesouro, além disso, instou Pequim a retornar a práticas mais voltadas para o mercado, que sustentaram seu rápido crescimento nos últimos anos.
“Uma mudança em direção a reformas de mercado seria do interesse da China”, disse ela no evento da AmCham.
A viagem de Yellen ocorre logo após uma visita do principal diplomata da Casa Branca, Antony Blinken, a Pequim. Autoridades americanas ampliaram esforços para reparar os laços conturbados com a China depois que os militares dos Estados Unidos derrubaram um balão do governo chinês que invadiu o espaço aéreo do país. Andando em uma corda bamba, ao mesmo tempo continuam pressionando Pequim a interromper práticas que consideram prejudiciais às empresas americanas e ocidentais.
Do outro lado, a China espera que os Estados Unidos tomem “ações concretas” para criar um ambiente favorável para o desenvolvimento saudável dos laços econômicos e comerciais, disse seu ministério das Finanças em comunicado nesta sexta-feira.
As empresas americanas que atuam na China esperam que a visita de Yellen garanta que as vias comerciais entre as duas economias permaneçam abertas, independentemente das tensões geopolíticas. O presidente da AmCham, Michael Hart, comemorou o “poder de fogo extra” de Yellen.
O impulso diplomático dos Estados Unidos ocorre antes de um possível encontro entre o presidente americano, Joe Biden, e Xi. As conversas podem ocorrer na Cúpula do G20, em setembro, na Índia, ou na reunião de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, agendada para novembro, em São Francisco, na Califórnia.
Depois de Yellen e Blinken, o enviado climático de Biden, John Kerry, deve visitar Pequim ainda neste mês.