Secretária de Imprensa da Casa Branca confunde Brasil com Venezuela
Após questionamento sobre o encontro bilateral entre Bolsonaro e Biden, Karine Jean-Pierre afirmou que 'os EUA continuam a reconhecer Juan Guaidó'
A nova secretária de Imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, confundiu o Brasil com a Venezuela durante o briefing diário com jornalistas em Washington, D.C., nesta quarta-feira, 8.
Após um questionamento sobre o encontro bilateral entre os presidentes Jair Bolsonaro e Joe Biden, que deve acontecer no fim da tarde desta quinta-feira, 9, a secretária de Imprensa afirmou que “os Estados Unidos continuam reconhecendo apenas Juan Guaidó”, o autoproclamado presidente da Venezuela e líder da oposição a Nicolás Maduro.
Um dos jornalistas no briefing perguntou a Jean-Pierre: “O presidente [Joe Biden] vai encontrar-se com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Há reportagens da [agência de notícias] AP que dizem que Bolsonaro queria concessões do presidente [Biden] para realizar a reunião e para comparecer à Cúpula das Américas, que ele não poderia mencionar os questionamentos de Bolsonaro sobre o sistema eleitoral brasileiro, assim como preocupações ambientais na Amazônia. Você pode confirmar essas reportagens?”
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Depois de dizer que não podia confirmar as informações, Karine Jean-Pierre respondeu: “O presidente está ansioso para ir à cúpula amanhã, que estamos sediando. O que posso dizer é isso: os Estados Unidos continuam a reconhecer Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Dito isso, enquanto o governo interino não foi convidado a participar da cúpula principal, é bem-vindo para participar em todos os três fóruns de stakeholders e outros eventos.”
Jean-Pierre também pronunciou o nome de Juan Guaidó errado, dizendo “Gwadó”.
Biden's Press Secretary was asked about reports that Bolsonaro is demanding guarantees before agreeing to meet with Biden or attend the Summit of the Americas.
Karine Jean-Pierre responded by saying "the United States continues to recognize Juan Gwado". pic.twitter.com/EKQXXI89hQ
— Kawsachun News (@KawsachunNews) June 8, 2022
Os Estados Unidos excluíram as nações que não consideram “democráticas” da Cúpula das Américas: Venezuela, Cuba e Nicarágua. A decisão criou uma avalanche de líderes da América Latina que se recusaram a comparecer ao evento. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (o AMLO), foi líder do movimento e confirmou que vai faltar. “Esta é a Cúpula das Américas ou a Cúpula dos Amigos da América?”, chegou a perguntar.
Jair Bolsonaro estava no rol dos líderes que ameaçaram esvaziar a cúpula, mas não devido às exclusões dos Estados Unidos. Sua relação com o presidente Biden é fria desde que o americano foi eleito em 2020, devido aos laços estreitos que partilhava com o ex-presidente Donald Trump. O líder brasileiro só foi convencido a comparecer ao evento depois que lhe foi prometida uma reunião bilateral com o chefe da Casa Branca – será o primeiro encontro entre os dois.
Talvez daí a confusão de Jean-Pierre – ainda que não justifique a troca. Ela trabalhava até pouco tempo como braço direito da então assessora Jen Psaki e assumiu o cargo de secretária de Imprensa no começo de maio. Primeira pessoa negra com a função de apresentar as mensagens diários do governo e responder às dúvidas da imprensa, ela também é a primeira abertamente LGBTQIA+ a ocupar a posição.
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Além de um currículo de anos no governo, o ineditismo também completa uma peça-chave para montar a narrativa da Presidência, um esforço no qual assessores têm fracassado em avançar. Uma pesquisa de opinião do Instituto de Política de Harvard, publicada em abril, mostra que apenas 41% dos jovens dos Estados Unidos aprovam o desempenho de Biden.
A escolha pode se provar eficaz para reverter a tendência de queda de popularidade e gerar maior representação, já que muitos dos americanos em grupos minoritários também se sentem ameaçados por causa de sua identidade, segundo a pesquisa de Harvard.
Pouco menos da metade dos jovens que se identificam como LGBTQ, 45%, dizem sentir que as pessoas com sua orientação sexual estão sendo muito atacadas. Cerca de 59% dos jovens negros concordam fortemente que “estão sob ataque”, assim como 43% dos jovens asiáticos e das ilhas do Pacífico, 37% dos jovens hispânicos e 19% dos jovens brancos.