O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quarta-feira, 13, que seu governo será submetido a voto de confiança que abrirá caminho a novas eleições, após o colapso de sua coalizão na semana passada. Em discurso ao Parlamento, o primeiro desde o início da crise, ele também apelou que os partidos aprovem “tópicos urgentes” antes do novo pleito, que ele deve perder, e lançou um alerta contra a polarização política.
A turbulência começou quando o chanceler, do Partido Social-Democrata (de centro-esquerda), demitiu seu ministro das Finanças, Christian Lindner, do Partido Democrático Liberal (de centro-direita), depois de meses de disputa sobre como preencher um buraco multibilionário no orçamento nacional. A legenda de Lindner, por sua vez, abandonou a coalizão, que também conta com o Partido Verde, deixando-a sem maioria parlamentar.
O Partido Social-Democrata, o Partido Democrático Liberal e o Partido Verde governavam juntos desde 2021, a primeira coalizão de três pilares em nível federal na Alemanha. O atrito entre as legendas se agravou nos últimos meses devido à saúde financeira do país – a maior economia da Europa deve encolher pelo segundo ano consecutivo e em meio à atual volatilidade geopolítica, com guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
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Discurso ao Parlamento
Dirigindo-se aos parlamentares, o chanceler atestou que seu governo será alvo de um voto de confiança em 16 de dezembro, mecanismo que testa no legislativo o apoio à atual administração. Caso perca a votação, uma nova eleição será oficialmente convocada para fevereiro. Ele também justificou como “correta e inevitável” a decisão de demitir Lindner.
Além disso, Scholz defendeu o aumento de benefícios sociais para crianças, em formato de subsídios para as famílias, e advertiu sobre a importância de controlar o arrasto fiscal (quando os impostos sobem por causa da inflação). Ele afirmou que essas decisões “não podem esperar” e que era preciso que todos trabalhem “juntos antes das eleições, para o bem do país”.
O chefe do governo alemão ponderou, no entanto, que a guerra na Ucrânia não pode ser uma pedra no sapato para a prosperidade alemã. Anteriormente, ele propôs anular o freio da dívida pública, que foi imposto pelo governo, para financiar a ajuda militar à nação invadida pela Rússia.
“O apoio à Ucrânia não pode levar a cortes em pensões, assistência e saúde”, disse ele, apesar de prometer que Kiev “não ficá sozinha”.