Rússia tomará região do Donbas ‘de qualquer forma’, alerta Putin após negociações com EUA
Plano de 28 pontos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê que a Ucrânia faça concessões territoriais — demanda imutável de Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, alertou nesta quinta-feira, 4, que tomará a região de Donbas, no leste da Ucrânia, “de qualquer forma”, seja por meios militares ou por um acordo — o plano de 28 pontos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê que Kiev faça concessões territoriais. A declaração ocorre dois dias após uma reunião entre o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e Putin em Moscou. O líder russo será recebido nesta quinta pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em Nova Déli.
Antes do encontro com Modi, Putin disse à revista indiana India Today que “libertaria Donbas e Novorossiya de qualquer maneira – por meios militares ou outros”. Novorossiya, ou Nova Rússia, é um termo histórico que se refere a territórios a oeste que faziam parte do Império Russo. Em 2014, quando anexou ilegalmente a península ucraniana da Crimeia, Putin também recorreu a essa expressão. Donbas, por sua vez, abrange os oblasts de Donetsk e Luhansk.
As ameaças de Putin, no entanto, demorariam a se concretizar. Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, um observatório de conflitos com sede nos EUA, as forças russas só conseguiriam assumir controle total da região de Donestk em agosto de 2027.
Em comentários sobre a reunião com Witkoff, o líder russo reiterou que não concorda com partes do plano dos EUA, mas admitiu que se tratava de uma “tarefa difícil”. Ele voltou a demandar que a Ucrânia retire suas tropas de Donbas e “se abstenha de ações militares”. As discussões duraram muitas horas porque as delegações tiveram de “analisar cada ponto das propostas de paz”, acrescentou Putin.
Por sua vez, representantes ucranianos Rustem Umerov, chefe da delegação do país, e Andrii Hnatov, chefe do Estado-Maior de Kiev, viajam a Miami nesta quinta para negociações com os EUA. A Rússia exige que a Ucrânia ceda 20% do seu território e abandone a pretensão de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental. Além disso, Putin quer que Kiev se desmilitarize, uma ideia rejeitada pelo presidente Volodymyr Zelensky, que também nega abrir mão de parte do país.
+ Rússia concorda com ‘algumas’ partes de acordo para paz na Ucrânia, diz Kremlin
Plano de Trump
Um conjunto vazado de 28 propostas de paz dos EUA veio à tona em novembro, alarmando autoridades ucranianas e europeias, que disseram que Washington teria cedido às principais exigências de Moscou. As potências europeias então apresentaram uma contraproposta e, em negociações em Genebra, os EUA e a Ucrânia disseram ter criado uma “estrutura de paz atualizada e refinada” para pôr fim à guerra.
O assessor de política externa de Putin, Yuri Ushakov, disse a repórteres após as conversas com Witkoff que Moscou havia recebido anteriormente um conjunto de propostas com 27 pontos e, em seguida, quatro documentos adicionais que foram discutidos com Witkoff. Peskov afirmou ainda que a Rússia estava grata a Trump por seus esforços, mas que o Kremlin não faria comentários contínuos sobre as discussões com os Estados Unidos, pois a publicidade provavelmente não seria construtiva.
Parte das conversas entre representantes russos e americanos giraram em torno dos entendimentos” alcançados recentemente entre Washington e Kiev, disse Peskov. Ele salientou que a Rússia permanecia aberta a negociações, mas insistiria em atingir os objetivos de sua “operação especial”.
Foi a sexta vez que Witkoff se reuniu pessoalmente com Putin, algo que deve aumentar temores em Kiev e nas demais capitais europeias a respeito do rumo das negociações. O encontro ocorreu uma semana após o vazamento de uma ligação entre Witkoff e o assessor de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, na qual o americano dava conselhos ao russo sobre as negociações do acordo.
Em diferentes ocasiões, Witkoff irritou aliados europeus de Kiev ao atuar em favor do Kremlin após reuniões com altos funcionários russos, até mesmo com Putin. Numa chamada telefônica, revelada pela agência britânica Bloomberg, Ushakov e o oficial russo Kirill Dmitriev conversaram sobre como influenciar os americanos a promover um plano pró-Kremlin — entre eles, a redução da força militar de Kiev, a concessão de territórios à Rússia e a desistência ucraniana de aderir à Otan.
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