Rússia suspende gás natural à Finlândia após pedido de adesão à Otan
Depois de Polônia e Bulgária, estatal russa Gazprom agora mira Helsinque, que se negou a cumprir a exigência de pagar em rublos
A estatal russa Gazprom comunicou à Finlândia que vai cortar o fornecimento de gás natural ao país a partir do próximo sábado, 21, anunciou a finlandesa Gasum nesta sexta-feira. O motivo seria a negativa de Helsinque em pagar em rublos pelo gás, como exige a empresa russa, e a decisão acontece poucos dias depois de a Finlândia formalizar um pedido de adesão à Otan, a principal aliança militar ocidental.
Em comunicado, o presidente da Gasum, Mika Wiljanen, descreveu a decisão como lamentável e afirmou que, “de todos os modos, nos preparamos cuidadosamente para essa situação e não teremos interrupções no fornecimento de gás”. Embora o gás natural represente menos de 10% da energia consumida na Finlândia, praticamente todo o gás usado pelo país vem da Rússia.
+ O plano da Europa para deixar de depender do petróleo e gás russos
O corte vem após a ameaça russa de não fornecer gás aos países que recusam a exigência de Vladimir Putin de o pagamento ser feito em rublos. A União Europeia disse que isso violaria as sanções e fortaleceria a Rússia de forma inaceitável. No fim de abril, Moscou já havia cortado o fornecimento para Bulgária e Polônia pelo mesmo motivo.
Questionado sobre o assunto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou ser “evidente que ninguém entregará nada de graça”.
Abril e maio são os meses em que os pagamentos do fornecimento de gás de abril vencem — o primeiro lote para o qual os novos termos se aplicam — e autoridades e executivos europeus, em muitos casos, ainda estão tentando descobrir a melhor forma de responder.
Por causa disso, a Europa vem se mobilizando para diminuir a dependência do gás russo. Na quarta-feira 18, o bloco divulgou um plano de 210 bilhões de euros.
Antes da guerra, a Rússia fornecia 40% do gás do bloco e 27% de seu petróleo importado. Para afastar os países desses combustíveis, Bruxelas propôs um plano de três frentes: importação de mais gás de outros fornecedores, implantação mais rápida de energia renovável e mais esforços para economizar energia.
Lançando metas ambiciosas, a Comissão Europeia, órgão executivo do bloco, propôs que os países integrantes obtenham 45% da energia a partir de fontes renováveis até 2030, substituindo sua proposta atual de 40%. Isso faria com que a UE mais do que dobrasse sua capacidade de energia renovável para 1.236 gigawatts até 2030, e seria auxiliada por uma lei que simplifica a implementação de projetos eólicos e solares.