A Rússia anunciou nesta quarta-feira (4) que não conseguiu o apoio da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) para participar da investigação sobre o envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha, Yulia, no Reino Unido.
“Infelizmente não conseguimos obter dois terços dos votos para apoiar essa decisão. Precisávamos de uma maioria qualificada”, declarou o embaixador russo Alexander Shulgin. “A proposta era realizar uma investigação conjunta, com Rússia e Reino Unido, e o com o diretor-geral da Opaq atuando como mediador.”
Londres havia descrito como “perversa” a proposta de Moscou de realizar em conjunto essa investigação, já que considera que o governo de Vladimir Putin está por trás do envenenamento de Skripal e sua filha Yulia.
Como resposta, Moscou solicitou, também nesta quarta-feira, uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para quinta-feira às 19H00 GMT (16h00 de Brasília) com o objetivo de discutir o caso.
“A pedido de nosso governo, solicitamos convocar para amanhã às 15H00 (hora local) uma reunião do Conselho de Segurança sobre a acusação feita pela primeira-ministra britânica Theresa May” de que a Rússia é responsável pelo envenenamento dos Skripal com um agente neurotóxico”, indicou o embaixador russo nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia.
Votos
Segundo o embaixador Shulgin, na reunião da Opaq, o Reino Unido e os Estados Unidos votaram contra a participação da Rússia, “seguidos por outros que estão sujeitos à disciplina da União Europeia e da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”. Irã, China e algumas nações africanas votaram a favor da Rússia segundo o diplomata.
No total, dos 41 países que compõem o Conselho Executivo da Opaq, 23 votaram a favor da proposta apresentada por Rússia e Irã ou se abstiveram, acrescentou o diplomata. “As máscaras caíram” nessa organização, acusou Shulgin desde a embaixada russa em Haia, na Holanda.
Outras fontes diplomáticas, no entanto, indicaram que apenas seis países votaram a favor do projeto russo — outros 15 países foram contra e 17 abstiveram-se.
Os britânicos conduzem sua própria investigação com a assistência técnica independente da Opaq.
(Com AFP)