Pelo terceiro dia consecutivo, as forças russas lutam, nesta quinta-feira, 8, contra soldados ucranianos dentro de seu país, após o maior ataque por terra e ar contra a Rússia desde o início da guerra na Ucrânia. As batalhas se concentram na região de Kursk, invadida por cerca de 1.000 militares com tanques e veículos blindados na terça-feira, 6, acompanhados por enxames de drones e artilharia pesada.
Além de Kursk, também foram relatados combates perto da cidade de Sudzha, região onde o gás natural russo flui para a Ucrânia, o que levantou preocupações sobre uma possível interrupção repentina dos fluxos para a Europa.
Segundo o governador regional de Kursk, Alexei Smirnov, milhares de moradores foram obrigados a deixar suas casas. O Ministério da Defesa da Rússia comunicou que o Exército e o Serviço Federal de Segurança (FSB) interromperam o avanço ucraniano.
“Unidades do grupo de forças do norte, juntamente com o FSB da Rússia, continuam a destruir formações armadas das Forças Armadas da Ucrânia nos distritos de Sudzhensky e Korenevsky da região de Kursk, diretamente adjacentes à fronteira russo-ucraniana”, disse o ministério.
O que diz a Ucrânia
Pela primeira vez, Kiev justificou publicamente seu ataque em território russo, em meio a relatos de que suas forças estão avançando em direção a uma vila a 20 quilômetros da fronteira entre os países, em Kursk. Mykhailo Podolyak, um conselheiro sênior do gabinete presidencial, disse que “a causa raiz de qualquer escalada” foi “agressão inequívoca” por parte de Moscou em acreditar que poderia invadir a Ucrânia impunemente.
Foi o primeiro reconhecimento por qualquer oficial ucraniano sobre os eventos na região. “Guerra é guerra, com suas próprias regras, onde o agressor inevitavelmente colhe resultados correspondentes”, acrescentou Podolyak.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pareceu aludir à incursão nesta quinta-feira, dizendo que “todos podem ver que o Exército ucraniano sabe como surpreender”, durante um evento para lançar um novo aplicativo militar.
Reação russa
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, classificou a ofensiva ucraniana como uma “grande provocação”. O líder do Rússia Justa – partido leal ao Kremlin –, Sergei Mironov, chamou a operação ucraniana de “ataque terrorista” e “invasão de um território estrangeiro reconhecido internacionalmente”.
O ex-presidente russo Dmitry Medvedev também comentou que o ataque foi uma tentativa de forçar a Rússia a desviar recursos do front, além de tentar mostrar sua força.
“A partir deste momento, a OME (operação militar especial, como os russos chamam a guerra na Ucrânia) deve adquirir um caráter abertamente extraterritorial”, afirmou Medvedev. “Só pararemos quando considerarmos isso aceitável e lucrativo para nós.”
Os Estados Unidos afirmaram que não tinham conhecimento prévio do ataque e que buscariam mais detalhes de Kiev.