Rússia diz estar revisando regras para uso de armas nucleares
Mudanças podem diminuir tempo de decisão para uso de armamentos e estabelecer novas condições sob as quais tais armas poderiam ser usadas
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta segunda-feira, 24, que a Rússia começou a atualizar sua doutrina nuclear, podendo diminuir o tempo de decisão para o uso de arma nucleares e estabelecer novas condições sob as quais tais armas poderiam ser usadas.
“O presidente (Vladimir) Putin disse que estão em andamento trabalhos para alinhar a doutrina com as realidades atuais”, disse Peskov, sem dar mais detalhes sobre o novo planejamento.
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No domingo, o presidente do comitê de Defesa do Parlamento russo, Andrei Kartapolov, indicou que o tempo de tomada de decisão para o uso de tais armas poderia ser alterado caso as ameaças internacionais se intensifiquem.
“Se vemos que os desafios e as ameaças aumentaram, isso significa que podemos corrigir algo (na doutrina) em relação ao momento do uso de armas nucleares e à decisão de fazer esse uso”, disse Kartapolov.
A doutrina nuclear existente estabelece que a Rússia pode utilizar essas armas em resposta a um ataque utilizando armas nucleares, outras armas de destruição maciça ou armas convencionais “quando a própria existência do Estado é colocada sob ameaça”.
À medida que a guerra na Ucrânia se prolonga, muitos radicais da elite russa pressionam Putin a reduzir o tempo estipulado para a utilização das armas nucleares, alegando que o país deveria ser capaz de agir mais rapidamente na escalada nuclear.
Putin afirma desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, que existe a possibilidade da Rússia utilizar armas nucleares para se defender em situações extremas. No entanto, reforçou no início deste mês que seu país não precisaria recorrer às perigosas ogivas para vencer o conflito.
Gastos globais
Gastos globais com armas nucleares aumentaram 13%, atingindo um número recorde de 91,4 bilhões de dólares durante o ano de 2023, de acordo com uma análise da Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (Ican, na sigla em inglês), publicada neste mês.
O novo total, que representa um aumento de 10,7 bilhões de dólares em relação ao ano anterior, é impulsionado em grande parte pelo aumento acentuado dos orçamentos de Defesa dos Estados Unidos, em meio às incertezas geopolíticas provocadas pela invasão da Rússia à Ucrânia e pela guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas.
Os Estados com maior força nuclear continuam, desde a década de 1950, segundo os EUA e a Rússia, que possuem cerca de 90% de todas as ogivas. A Rússia tem 4.380 ogivas nucleares instaladas ou armazenadas, em comparação com os EUA, que têm 3.708.